Nove advogados estão sob medidas coercitivas na China

  • Por Agencia EFE
  • 19/07/2015 04h25
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Pequim, 19 jul (EFE).- O governo da China confirmou que nove advogados e “outros suspeitos” estão submetidos a medidas coercitivas dentro de uma campanha de repressão que afetou, segundo dados de uma ONG em defesa do grupo, a mais de 230 advogados, familiares destes ou ativistas.

O Ministério da Segurança Pública, em comunicado divulgado neste domingo pela imprensa oficial, as autoridades revelam detalhes da investigação contra os advogados e confirmam que nove deles e “outros suspeitos” – sem dar mais detalhes – estão em centros de detenção ou foram postos sob prisão domiciliar ou fiança.

Segundo a ONG Human Rights Lawyers Concern Group, de Hong Kong, até hoje 233 advogados, parentes destes e ativistas de todo o país foram detidos, interrogados ou “feitos desaparecer” pela Polícia.

As autoridades consideram que o grupo, liderado “pelo escritório Fengrui de Pequim”, é suspeito de “alterar a ordem” e buscar o lucro ao contratar ilegalmente pessoas para organizar protestos e pressionar os juízes “no nome da Justiça e do interesse do público”.

O governo chinês insiste no papel do ativista na internet Wu Gan, conhecido popularmente como “O Carnicero Vulgar”, do qual dizem que se encarregava de “montar cenas” fora dos tribunais para ajudar o propósito do escritório.

Como prova, publicam uma declaração de um advogado da firma, Xie Yuandong, também detido: “em Fengrui, Wu Gan era conhecido por se especializar no aspecto físico das coisas, junto a um grupo de soldados. Evitavam totalmente os fatos e as leis dentro do tribunal e sempre podiam montar uma cena fora da corte sem importar a importância do caso”.

Organizações de direitos humanos puseram em dúvida em diversas ocasiões este tipo de confissões realizadas sob detenção, que acreditam que na maioria de casos são “forçadas” com ameaças.

A Polícia também diz que Wu “é conhecido por obter os nomes dos juízes e de funcionários locais e publicar mensagens na internet para exagerar casos”.

“Os advogados fazem o que fazem os advogados. Os açougueiros fazem o que os açougueiros devem fazer. Era uma boa cooperação”, disse o diretor da Fengrui, Zhou Shifeng, segundo o comunicado da Polícia, que não diz em que circunstâncias essas declarações foram feitas.

Zhou é um proeminente advogado de direitos humanos na China e seu escritório se encarregou dos casos mais complicados neste âmbito ocorridos nos últimos anos.

Nos detalhes da investigação, as autoridades insistem no papel de Zhou e o descrevem como o líder deste “bando”.

“Deixei que meus subordinados fizesem o que podiam para impulsionar a reputação do escritório. Para casos grandes, difíceis, lhes instruía para que se criasse uma influência e atraísse a atenção do público”, assinalou Zhou, sempre segundo a versão policial.

Junto a estes detalhes, a agência oficial “Xinhua” – que atua como porta-voz do Executivo – publicou um comentário no qual desprestigiava os advogados, criticava as informações da imprensa estrangeira e defendia que a China precisava de “que respeitem a lei, não ativistas”. EFE

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