Seria o ódio à carne a ‘vilã’ que pôs um ponto final no relacionamento de Bruna Marquezine e Enzo Celulari?
Casal teria terminado devido a um post do empresário nas redes sociais questionando o consumo de carne; além de causar mal-estar nos dois, há por trás um sentimento de separatismo, num clima de guerra constante entre pontos contraditórios
Recentemente, em um post que obteve grande repercussão na mídia, o empresário Enzo Celulari, filho dos atores Cláudia Raia e Edson Celulari, fez um tweet dizendo o seguinte: “O consumo de carne no Brasil cai pra menor nível em 25 anos: é o preço que tá alto, ou os consumidores que estão mais conscientes?”. A repercussão da mensagem desagradou a muitos internautas, que lotaram as redes sociais de comentários contra a publicação. Não foi diferente a reação de Bruna Marquezine, o que levou Enzo a deletar a mensagem. Embora também seja adepta do não consumismo de carne, segundo informações de Léo Dias, do site Metrópoles, Marquezine não aprovou a conduta do companheiro e a relação dos dois, por essa razão, chegou ao fim, antes mesmo da comemoração do Dia dos Namorados. Como tudo parece hoje em dia possuir dois lados, neste caso foi a vez dos odiadores de carne se manifestarem contra os apreciadores de um bom churrasco, grupo em que me incluo. O que me deixa perplexo é essa divisão entre veganos, vegetarianos e “carnívoros” – confundidos talvez como “canibais” – em que se prega uma única verdade e se tenta convencer os demais “lados” a escolher o que lhes parece o mais adequado.
No caso do término da relação de Bruna e Enzo, a carne entrou no meio e desfez o namoro que já estava encantando os fãs. Eles começaram o romance em junho do ano passado, mas só assumiram o namoro publicamente neste ano, em abril. Com a pandemia, os dois se aproximaram, e Bruna se colocou à disposição para auxiliar Enzo em suas campanhas solidárias, uma das atividades do ator. De acordo com Bruna, antes da quarentena da Covid-19, ela estava há quatros anos sozinha e já admirava o trabalho de Enzo. Mas o comentário infeliz de Celulari parece ter sido mais forte que as boas impressões que Bruna tinha do namorado. Diante de tudo isso, o que mais me surpreende é essa bandeira levantada contra os consumidores de carne. Acredito nos seguidores do lema ‘live and let live’ (viva e deixe viver), em que cada um possa fazer suas escolhas, respeitando as do próximo, sem tentar convencer o outro de suas verdades. O mundo está mesmo de ponta cabeça.
O que me parece descabido, no que se refere a comentários sobre o atual consumo de carne no Brasil, é que se existe hoje uma queda na aquisição de carne no país, este se deve não à opção de grande parte dos brasileiros, mas sim da falta de recursos por uma camada da população, que convive com a fome, agravada neste momento de pandemia. A meu ver, houve um desconhecimento por parte de Enzo da real situação do país, em que muitas escolhas ficam restritas por falta de condições financeiras. Com 14 milhões de desempregados, o momento do Brasil é de retração econômica, o que afeta diretamente a questão da alimentação de quem mais necessita. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo de carne vermelha é o menor desde 1966, em razão da crise econômica pela qual passamos. Hoje, a realidade de 116,8 milhões de brasileiros é a fome, ou a má qualidade de alimentação, segundo a Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). No caso de Enzo, a opção pelo veganismo e apologia ao não consumo de carne pegou pesado perante os internautas e levou Bruna a se afastar do empresário. O que demonstra um desconhecimento a respeito da realidade do país.
O mundo está mesmo maluco. Pensem comigo. Se vamos a um restaurante vegano para acompanhar alguém que se enquadre nessa categoria e somos consumidores assíduos de carne, não teremos escolha. Porém, para o oposto a realidade é outra. Em uma churrascaria que se preze, certamente haverá “verdes” em abundância, dando opções aos apreciadores do vegetarianismo e veganismo. O que torna os “carnívoros” mais democratas em suas “oferendas”. Portanto, se o problema residir em opções alimentares, estamos na frente. Comparações à parte, voltemos ao que interessa. Seria o ódio à carne a “vilã” que pôs um ponto final no relacionamento de Bruna e Enzo? Se sim, essa atitude nos leva a questionar o quanto o ódio pode estar presente nas mais diversas formas de expressão. O que, além de causar mal-estar no caso do casal em evidência, tem por trás um sentimento de separatismo, colocando as pessoas umas contra as outras, num clima de guerra constante entre pontos contraditórios. Assim, toda vez que não conseguimos enxergar o que diverge de nossas convicções, contribuímos para ampliar o ódio entre as partes. Hora de repensar esses posicionamentos. Diante de tanto ódio ao consumo de um bom churrasco, o que me resta é pedir a esses defensores do extremismo que deixem de levantar bandeiras contra isto ou aquilo e apenas defendam seu ponto de vista, sem tentar anular os que pensam de forma diferente às suas convicções. Como disse anteriormente, vivemos hoje uma realidade às avessas, em que se busca impor pontos de vista únicos, tolhendo nossa liberdade de escolha. Parem com isso. Tem lugar pra todos nesse mundão das diferenças. Sejamos autênticos, lutemos por questões em que acreditamos, respeitando as opiniões diversas. Viva a democracia, abaixo ao ódio, boas vibes pra Bruna e Enzo e viva o churrasco nosso de cada dia.
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