Paulo Roberto Costa e Youssef revelam engrenagens de corrupção na Petrobras

  • Por Agencia EFE
  • 09/10/2014 17h54

Rio de Janeiro, 9 out (EFE).- O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, ambos investigados no escândalo de corrupção da companhia, afirmaram em depoimento que parte do dinheiro desviado era entregue a partidos políticos, entre eles PT, PMDB e PP.

Os dois fizeram um acordo de delação premiada com a Justiça depois de terem sido detidos pela operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Ambos disseram que o tesoureiro do PT, João Vaccari, intermediava os recursos desviados da estatal para os partidos.

Paulo Roberto e Youssef explicaram ao juiz Sergio Moro, responsável pelo caso, que todos os contratos assinados pela direção de Abastecimento da Petrobras incluíam um sobrepreço de 3%, suborno, que era destinado ao financiamento de campanhas políticas.

O ex-diretor da Petrobras admitiu que cerca de 60% dos subornos arrecadados pela direção de Abastecimento era distribuído entre o PT e o PP; 20% era usado para o pagamento dos custos de operação e os 20% restantes eram repartidos com Youssef.

Paulo Roberto acrescentou que em outras direções da Petrobras funcionavam redes semelhantes que cobravam comissões de 3% sobre todos os contratos, para distribuí-las entre estes dois partidos e mais o PMDB.

O ex-diretor da Petrobras também chegou a um acordo com a Justiça para repatriar a fortuna que tem em contas no exterior e onde era depositada sua parte de dinheiro.

Paulo Roberto afirmou que o encarregado de coletar a parte do PT era Vaccari enquanto Fernando Soares era o “operador” do PMDB na rede e o então deputado José Janene (morto em 2010) o “operador” do PP.

Em seu testemunho, Youssef afirmou que Costa foi nomeado diretor de Abastecimento da Petrobras após uma forte pressão de congressistas sobre o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que chegaram a trancar a pauta do Congresso.

“Tenho conhecimento que, para que Paulo Roberto Costa assumisse o cargo, esses agentes (dos partidos políticos envolvidos) suspenderam as votações no Congresso por 90 dias. Na época o presidente Lula ficou louco, teve que ceder e empossar Paulo Roberto Costa”, testemunhou Youssef perante o juiz.

Youssef acrescentou que os recursos que recebia das grandes construtoras e empresas que pagavam os subornos eram distribuídos em dinheiro aos representantes de cada um dos partidos e a Paulo Roberto.

“Não fui o criador dessa organização. Eu simplesmente fui um elo para que o dinheiro pudesse ser entregue aos agentes políticos”, se defendeu.

Já Paulo Roberto Costa, em interrogatórios anteriores, citou dezenas de políticos que teriam sido beneficiados pela rede de corrupção na Petrobras em uma lista que inclui o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB).

Também citou vários legisladores e os então governadores de estados onde a Petrobras executou grandes obras nos últimos anos, como Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco. EFE

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