Polícia atribui morte de criança a decisão “trágica” de agente nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 24/11/2014 20h09
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Washington, 24 nov (EFE).- A morte de Tamir E. Rice, um menino negro de 12 anos que levou dois tiros de um policial no fim de semana, foi atribuída pela polícia de Cleveland, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, à decisão “trágica” do agente, que confundiu a pistola de ar comprimido do menino com uma real.

O prefeito da cidade, Frank Jackson, evitou fazer comparações do incidente com o caso do jovem negro Michael Brown, que morreu desarmado ao ser alvejado pelo policial branco Darren Wilson em agosto, na cidade de Ferguson, no Missouri.

“O que importa, para mim, é que isso aconteceu em Cleveland e que foi com uma criança”, ressaltou o prefeito.

Jackson garantiu que a cidade está “preparada para o que der e vier”, em referência à decisão do júri sobre o caso de Michael Brown, cujo resultado é aguardado com grande expectativa nesta segunda-feira.

“Quero transmitir minhas condolências à família. Nada pode ser dito para aliviar o sofrimento e a dor da família de Rice” disse o prefeito.

Tamir E. Rice morreu no domingo, um dia depois de receber dois tiros no abdômen e no peito.

O inspetor adjunto da polícia de Cleveland, Ed Tomba, explicou que uma câmera de vigilância gravou como os dois agentes agiram no sábado, em um parque de Cleveland, após serem alertados pela ligação de um morador que um jovem estava apontando uma arma de fogo, que poderia ser falsa, aos pedestres.

“Tem um menino com uma pistola, provavelmente falsa, mas está apontando para todo o mundo e gerando medo”, disse o morador na ligação para o serviço de emergências, divulgada pela emissora local “WEWS”.

De acordo com a polícia, os agentes chegaram ao parque e pediram para que o jovem levantasse as mãos. Rice não obedeceu e sacou a arma da cintura, o que fez com que um dos agentes disparasse duas vezes.

“Os agentes, às vezes, se veem obrigados a tomar decisões críticas em um segundo. Tragicamente, essa foi uma dessas vezes”, ressaltou o chefe de polícia de Cleveland, Calvin D. Williams.

As balas atingiram o abdômen e peito do jovem, que morreu na madrugada do domingo, no MetroHealth Medical Center, após ser operado sem sucesso.

Após o incidente, os agentes recuperaram a arma e comprovaram que se tratava de uma réplica de ar comprimido de uma pistola semiautomática.

Durante o discurso, Williams falou aos moradores de Cleveland que “a tragédia deve servir para conscientizar as pessoas do perigo das armas, sejam reais ou falsas”.

“As armas não são brinquedos e precisamos ensinar isso às nossas crianças, à nossa comunidade. As armas não são brinquedos e não devemos dá-las às crianças ingenuamente. Queremos que nossas crianças, avôs, tios, mães e pais entendam que somos parte desta comunidade. Eu tenho sobrinhos da idade do jovem falecido. Estamos na rua para protegê-los”, disse Williams.

O chefe de polícia explicou que o vídeo que gravou o incidente faz parte da investigação e que o conteúdo já foi mostrado ao advogado da família, Tim Kucharski.

Kucharski descartou supostas conotações raciais no caso, mas pediu “investigar a fundo” a morte do jovem, segundo a “Fox”.

“Isto não é um assunto de brancos ou negros. Isto é um assunto entre o que está bem e o que está mal”, enfatizou.

Enquanto o caso é apurado, os EUA aguardam a decisão judicial sobre a morte de Brown, de 18 anos, assassinado em agosto por disparos de um policial branco no Missouri, o que causou uma onda de indignação, protestos e distúrbios que terminaram com dezenas de presos, depredações e que provocou o debate racial sobre a violência policial no país.

Sobre o conteúdo do vídeo no caso de Ohio, Tomba afirmou que “é muito claro o que ocorreu”. Segundo ele, a distância entre o agente que fez os disparos e o jovem era de aproximadamente nove metros.

O policial afirmou que a investigação deverá ser concluída em até 90 dias. A procuradoria decidirá quais acusações serão atribuídas aos dois policiais, que estão de licença administrativa. EFE

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