Putin e Xi defendem “cooperação energética” antes de fechar acordo de gás
Xangai (China), 20 mai (EFE).- O presidente da China, Xi Jinping, e seu colega russo, Vladimir Putin, acordaram nesta terça-feira após um encontro em Xangai uma “completa associação de cooperação energética” entre ambos os países, sem que tenha assinado ainda um esperado acordo de provisão de gás natural de Moscou a Pequim.
Os dois líderes confirmaram o acordo em uma declaração conjunta, na qual também destacaram sua “compartilhada preocupação” sobre a Ucrânia, crise na qual Pequim tentou combinar uma postura neutra com a rejeição das sanções da UE e EUA a Moscou por sua atuação na mesma.
Devido em parte a estas sanções, que deixam a Rússia necessitada de novos compradores de seu gás natural, a atenção do encontro estava posta no possível acordo entre o consórcio russo Gazprom e a Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) para a exportação desta matéria-prima à segunda economia mundial.
No entanto, Putin destacava hoje sem entrar em detalhes sua “alegria de ter sido informado de que as duas partes realizaram um significativo progresso”, e reiterava que “a Rússia quer alcançar um acordo com a China em uma data antecipada”, segundo a agência oficial “Xinhua”.
Horas depois, o executivo-chefe da Gazprom, Alexei Miller, afirmava desde Xangai que “as conversas continuam para buscar um compromisso sobre o contrato de gás”, apesar de nenhuma das partes confirmar que este vai ser alcançado durante a visita de Putin à China, que termina na quarta-feira.
Estima-se que o atraso da assinatura do acordo, cujas negociações começaram há quase dez anos, se deve ao fato da Rússia querer utilizar seus contratos com a UE como preço de referência, enquanto a China propõe um custo mais baixo, baseado em suas importações da Ásia Central.
Além disso, alguns analistas consideram que a China conta agora com vantagem nas negociações, já que enquanto Moscou está ávida de obter novos compradores de gás natural após as sanções, Pequim conta com outras alternativas, sobretudo nas repúblicas centro-asiáticas do Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão.
Também não se sabe se durante a visita de Putin, que viaja acompanhado de um nutrida delegação empresarial, sobretudo do setor energético, os países vizinhos decidiram manter as condições alcançadas em um memorando assinado em março de 2013 sobre o acordo entre Gazprom e CNPC.
Segundo estas, o contrato teria uma duração de 30 anos e estabeleceria um abastecimento à China de 38 bilhões de metros cúbicos anuais de gás através de um gasoduto oriental, a mesma rota pela qual já exporta petróleo ao gigante asiático.
Esta quantidade de gás representa quase um quarto do atual consumo da China e é também cerca de 20% das vendas de gás da Gazprom na Europa, o principal destino das exportações da companhia, segundo alguns estudos.
Com o acordo ainda sem ser firmado, o comunicado conjunto assinado por ambos países confirmam que as duas partes aumentarão sua cooperação na exploração de minas de carvão e o desenvolvimento de infraestrutura de transporte na Rússia.
Os dois países aumentarão a utilização de seus moedas locais nas transações de comércio bilateral, o investimento e financiamento de projetos em ambos territórios, e fortalecerão o diálogo na formulação de políticas macroeconômicas, acrescenta o documento bilateral.
Xi e Putin se comprometeram igualmente em aumentar o comércio bilateral até os US$ 100 bilhões no final de 2015 -atualmente é de perto de US$ 90 bilhões- e esperam que o número alcance os US$ 200 bilhões em 2020.
Os líderes advogaram por assegurar “um comércio equilibrado” entre ambas as potências e ampliar o investimento conjunto em áreas como as infraestruturas de transporte, o desenvolvimento de projetos de mineração ou a habitação na Rússia.
Por outro lado, as duas nações vizinhas iniciaram hoje manobras militares conjuntas no Mar da China Oriental e assinaram uma série de acordos em energia e telecomunicações, entre outros setores.
Putin viajou para Xangai por ocasião da IV Conferência de Interação e Medidas para o Desenvolvimento da Confiança (CICA), que começou hoje e termina amanhã, quando abandonará o país asiático. Com ou sem o acordo de gás assinado. EFE
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