Nem só de homenagens vive um professor
Todos reconhecemos a importância do profissional de educação, mas é preciso ir além do reconhecimento e investir na melhoria da formação dessa categoria
Com a Era do Conhecimento, que vem se manifestando de forma mais evidente nos últimos tempos, a educação passou a ser o principal fator de desenvolvimento econômico e social de um país, ainda mais no contexto desafiador em que estamos vivendo. Ao abordar a questão educacional no Brasil, é impossível não evidenciar o principal protagonista da educação: o professor. Nunca se ouviu falar tanto da importância desse profissional. Como ele está inserido no contexto social? Qual é a importância deste profissional no contexto atual? A sociedade lhe dá a devida importância, visto ser ele o profissional que forma todos os demais profissionais? O que é possível fazer a favor dele? Instigado por essas questões, com as quais trabalho, levanto o tema principal da “profissão professor”. Sobre esta, há forte interferência de aspectos relevantes, como os desafios com a carreira, os desafios relacionados à complexidade da função docente e o desafio relacionado à formação do profissional professor.
Uma das razões da sensação de impotência está na complexidade da função docente. Com a revolução tecnológica dos últimos vinte anos, sobretudo a internet, a informação tornou-se acessível a todos. Essa situação retirou do professor o seu status de ser o detentor de dados e informações e praticamente referência única para os alunos. O principal papel do professor deixou de ser o de transmissor de informações para ser mediador, organizador, analista, facilitador e orientador do conhecimento e da aprendizagem. Essa mudança no modelo educacional impactou de forma decisiva no fazer do professor. Muitos professores exercem a docência sem formação específica ou preparo profissional adequado. Há nos cursos de licenciatura um grande descompasso entre o tempo despendido com questões ideológicas e o tempo dispensado à formação técnica. Por outro lado, a formação técnica ainda está pautada em modelos educacionais já ultrapassados. Assim, muitos chegam à sala de aula inseguros em relação a que e como ensinar, sem domínio das técnicas necessárias na contemporaneidade e as ferramentas capazes de contribuir para uma boa aprendizagem. Muitos dos que ingressam na docência têm dificuldades com o idioma, deficiências em leitura, e compreensão de textos, como atesta o baixo desempenho das avaliações.
Dito isso, lembro que no mês de outubro costumamos homenagear os professores com presentes, discursos e poesias. No entanto, sabemos que eles precisam de muito mais que isso. O país não avançará em termos de desenvolvimento econômico e social se não investir na qualidade da educação, e isso depende diretamente de investimento nas condições de trabalho, na carreira e na melhoria da formação desses profissionais. Esta é a hora do professor. Mais que momento de homenagens, o momento é de ação. Para encerrar minha reflexão, lembro da afirmação de um dos maiores líderes mundiais da atualidade, Barack Obama. De forma enfática nos disse que “todos os dispositivos sofisticados de wi-fi do mundo não vão fazer a diferença se não tivermos grandes professores em sala de aula. E não há dúvida de que só teremos esses grandes professores quando, de fato, melhorarmos suas perspectivas profissionais”. Por fim, acho que não há mais dúvidas de que o país não avançará em termos de desenvolvimento econômico e social se não investir na qualidade da educação. Ouso afirmar e reforçar que isso depende principalmente e diretamente de investimento na melhoria da carreira, das condições de trabalho e na formação dos professores. Precisamos de uma vez por todas entender que esta é a hora do professor. Mais que momento de homenagens, o momento é de ação. Que venham muitas homenagens, mas acompanhadas de investimentos, estratégias e projetos consistentes que mudem e valorizem, de forma significativa, a honrosa profissão “Professor” no nosso querido Brasil.
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