Repsol encerra etapa argentina após receber bônus pela desapropriação da YPF

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 16h51
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Buenos Aires, 8 mai (EFE).- A espanhola Repsol encerrou nesta quinta-feira 15 anos de atividade na Argentina com a assinatura de um acordo definitivo de compensação com o governo de Cristina Kirchner, que entregou à companhia petrolífera um bônus de mais de US$ 5 bilhões pela desapropriação de 51% das ações da YPF.

O ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, foi o encarregado de carimbar o acordo definitivo com uma representação da Repsol liderada por Nemesio Fernández Cuesta, diretor-geral de Negócios da companhia, e Luis Suárez Lezo, secretário-geral, que viajaram para Buenos Aires para resolver o litígio aberto em 2012.

A assinatura aconteceu poucas horas depois de o governo argentino oficializar a emissão de dívida para compensar a Repsol.

Por meio de uma resolução publicada no Diário Oficial, o governo argentino dispôs a emissão de quatro bônus em dólares e títulos do Tesouro, também em moeda americana, com vencimentos que vão de 2017 a 2033 e taxas de juros que variam entre 7% e 8,75%.

A dívida está reconhecida em US$ 5,317 bilhões e não ficará saldada até que a companhia petrolífera espanhola tenha ingressado o dinheiro segundo o acordo, que obriga a Repsol a retirar os mais de 30 processos apresentados em tribunais internacionais.

Às vésperas da assinatura, a Repsol vendeu os 11,8% dos títulos da YPF que conservava em seu poder por US$ 1,255 bilhão, com um acréscimo superior a US$ 620 milhões.

Após dois anos de um conflito que ultrapassou o âmbito empresarial e afetou inclusive as relações diplomáticas entre os países, as partes afetadas insistem em ressaltar que neste acordo não há vencedores nem vencidos.

O convênio permite a Repsol buscar oportunidades para a compra de ativos e seguir crescendo e abre as portas à Argentina para atrair investimento estrangeiro e resolver sua grave crise energética.

Por enquanto, o acordo foi bem recebido pelos mercados, que na quarta-feira celebraram a saída de Repsol da companhia petrolífera argentina com uma alta das ações da YPF de 7,55% na bolsa portenha e de 10% em Nova York.

Coluna vertebral do mercado de hidrocarbonetos argentino, a YPF tem uma importância estratégica para o governo de Cristina Kirchner, que se aproxima da última etapa de seu mandato.

Fundada em 1922, 15 anos depois da descoberta de petróleo na Argentina, a YPF caiu na política de privatizações do governo de Carlos Menem (1989-1999).

Em janeiro de 1999, a Repsol comprou do Estado argentino 14,9% da companhia petrolífera por cerca de US$ 2 bilhões, e, em abril desse mesmo ano, lançou uma oferta pública de aquisição pelo resto do capital, o que deixou a empresa avaliada em US$ 13,4 bilhões.

Em 2007, o grupo argentino Petersen, da família Eskenazi, ligado ao então presidente Néstor Kirchner, o falecido marido da atual governante, comprou da Repsol 14,9% da YPF e em maio de 2011 adquiriu 10% adicionais.

Em maio de 2012, o Congresso argentino, a pedido do governo, aprovou a desapropriação de 51% das ações da petrolífera argentina da Repsol. EFE

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