Constantino: Bolsonaro acerta ao voltar atrás e manter teto de gastos
Depois de sinalizar, nesta quarta-feira (4), que poderia flexibilizar o teto de gastos, dizendo que era uma questão “matemática”, já que as despesas aumentam cada vez mais, o presidente Jair Bolsonaro (5) recuou, nesta quinta-feira (5), e disse que o teto será mantido. Em sua conta no Twitter, é ele afirmou que ceder é “abrir uma rachadura no casco do transatlântico” e que é preciso “reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios”.
Temos que preservar a Emenda do Teto. Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdícios. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlântico. O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 5, 2019
“Que bom que ele recuou. Ontem ele tinha dado a entender que era talvez uma necessidade, matemática, que ia faltar luz nos quartéis e tudo mais. O que significa isso? Na prática, existem dois movimentos conflitantes no governo, na constituição mesmo do Estado, a ponto de podermos falar em uma esquizofrenia. Um lado diz: gasta. Porque mais de 93% dos gastos são obrigatórios, mandatários, então você tem que gastar e vai aumentando mais do que a inflação todo ano. E o outro diz: não gasta. Tem um teto, tem um limite, se você passar dele você vai ser punido. Então a solução que todo o governante gosta de encontrar é flexibilizar o lado dos gastos porque, para cortar as despesas, você precisa aprovar reformas duras, como a própria reforma previdenciária.
O governo vem fazendo a lição de casa, conseguiu avançar com a reforma previdenciária, mas a retomada econômica está levando mais tempo do que esperavam, e isso gera essa angústia. Em um cenário que o país ainda está muito endividado, com muito desemprego e a economia não retoma, fica essa sensação angustiante de que as contas não vão fechar. E como esse governo não é o PT, não vai apelar para pedaladas fiscais, então começou-se essa pressão para flexibilizar o teto de gastos, que o próprio presidente, aparentemente tinha encampado ontem.
Mas veja: não há alternativa, realmente não há. É bom que o presidente tenha entendido isso. Eu acho que é uma questão de ser escaldado, sapo escaldado, e conhecer a trajetória da política do Brasil. Sempre que se permitiu sair pela tangente, aumentando os gastos em vez de cortando e botar pressão para que venha as reformas estruturais, o Brasil naufragou. É muito cômodo você permitir flexibilizar teto e gastar mais. Então o presidente está de parabéns, espero que o presidente seja firme nessa posição como foi o presidente da Câmara dos Deputados ontem. Rodrigo Maia disse que não tinha condições de flexibilizar o teto”, pontuou Constantino.
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