Estudo mostra que as mulheres são competitivas no trabalho, basta dar a elas a chance de dividir os louros
Pesquisa realizada por duas universidades americanas apontou que trabalhadoras preferem compartilhar um prêmio maior com os colegas a embolsar sozinhas uma quantia menor
O combate ao gap de gênero, a disparidade nos salários entre homens e mulheres, é uma das maiores discussões hoje sobre trabalho. Aqui no Brasil, por exemplo, dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam diferença salarial de mais de 47% na renda a favor dos homens. Em termos globais, um estudo do Fórum Econômico Mundial mostrou que essa diferença, seguindo o ritmo atual de redução, pode levar 255 anos para ser fechada. São números que não costumam ser contestados, mas, quando se fala na causa do gap de gênero, o assunto se torna mais complexo. Alguns culpam o preconceito contra a mulher nas promoções. Afirmam que homens preferem promover e premiar outros homens. Outros falam do sacrifício na carreira imposto a elas pela maternidade, que dificulta a progressão na carreira, ou a escolha de carreiras que pagam menos.
Uma possível explicação que ganhou força na última década foi de que o gap existe porque as mulheres são menos competitivas. Diante da concorrência com os homens, principalmente em um ambiente onde há queda de braço, elas rejeitariam a disputa, renunciando a cargos mais altos. Mas um novo trabalho sugere que não é tão simples. Mulheres podem ser tão competitivas quanto os homens, basta que seja dada a elas a chance de dividir os louros da vitória com os demais concorrentes. O estudo foi conduzido por duas professoras de universidades americanas, do Arizona e de San Francisco, e acaba de ser publicado com grande repercussão. Com 240 participantes, a pesquisa colocou homens e mulheres para resolver tarefas em troca de um prêmio em dinheiro.
Havia duas opções: resolver uma tarefa e ganhar sozinho a quantia ou solucionar a mesma tarefa e ganhar o dobro, mas com a possibilidade de dividir parte do prêmio com quem não ganhou nada. Os homens se dividiram meio a meio entre as duas alternativas. Já entre as mulheres, seis em cada dez preferiram a opção que trazia ganhos coletivos. Só quatro em cada dez quiseram competir para ficar com tudo. O porquê de isso acontecer será tema de um novo estudo, ainda em desenvolvimento. Preliminarmente, no entanto, o resultado sugere que as empresas podem promover ganhos maiores para as mulheres, criando mecanismos menos individualistas para premiar trabalhadores. Ou seja, com menos desigualdade na maneira de remunerar a equipe e com mais ganhos para todos.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.