Fim de estímulos nos EUA promete turbulência nas Bolsas

Juros americanos estão zerados, mas é provável que comecem a subir a partir de março; nos próximos meses ou semanas, mundo deverá assistir ao sobe e desce do mercado

  • Por Samy Dana
  • 10/01/2022 10h00 - Atualizado em 10/01/2022 10h43
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JIM WATSON/AFP - 22/11/2021 O presidente Joe Biden observa de trás o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, o Banco Central Americano, em frente ao púlpito da Casa Branca O presidente Joe Biden observa discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, o Banco Central americano

Nos últimos dois anos, o mundo todo se acostumou à mão pesada dos governos injetando dinheiro na economia e no mercado financeiro, além de baixar os juros, para enfrentar as consequências da pandemia. Esse movimento já vem sendo revertido no Brasil. Por conta da alta da inflação, desde março do ano passado o Banco Central eleva os juros, que já saíram dos 2% ao ano para os 9,25% atuais. Mas a mexida mais significativa está sendo esperada nos Estados Unidos. Nos próximos dois meses, até a reunião do FOMC, comitê do Federal Reserve que decide sobre os juros, o país poderá assistir a uma retirada acelerada de estímulos.

Hoje, os juros americanos estão zerados. Mas, para analistas locais, a chance é de 70% de começarem a subir já a partir de março, quando o FOMC volta a ser reunir. Para isso, o FED encerraria nos próximos dois meses a compra de papéis no mercado financeiro, a fim de dar liquidez aos investidores. Um movimento que era para durar oito meses caiu para quatro, e agora pode ser feito em dois. É o que defende Mary Daily, a presidente do Federal Reserve de São Francisco. Na estrutura do BC americano, há um presidente geral, Jerome Powell, mas também presidentes locais.

Na Europa, os bancos também se preparam para a mudança. Aceleram os empréstimos antes que o Banco Central do continente também eleve os juros. Com a mudança, o impacto no mercado financeiro não deve ser pequeno. Relatório da gestora americana Franklin Templeton, especializada em mercados emergentes, indica que aumentará a volatilidade enquanto as Bolsas se adaptam ao novo cenário Essas injeções de recursos, principalmente nos Estados Unidos, ajudaram as Bolsas mundiais a subir de 2020 para cá. Sobrou dinheiro no mercado, e isso beneficiou todo mundo, do bitcoin (e outras criptomoedas) aos mercados emergentes, como o do Brasil.

Se aqui os desempenho foi ruim no último ano é por causa de fatores internos, como a situação das contas públicas. No resto do mundo, houve forte valorização. A boa notícia é que essa mudança de foco ocorre porque a crise ficou para trás. O momento é outro, e os bancos centrais podem voltar a olhar para a inflação. Já a má notícia é que o mercado financeiro, nos próximos meses (ou mesmo semanas), deverá assistir muito ao sobe e desce das Bolsas.

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