Mesmo com economia dos EUA se recuperando, presidente do FED corre risco no cargo
Especulações sobre mudança começaram meses atrás, mas ficaram de lado por um tempo; assunto voltou à tona após encontro de Biden com a atual dirigente do BC norte-americano
No ano passado, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, teve a difícil missão de coordenar a resposta à queda da atividade na economia americana na pandemia. O economista, de 68 anos, inundou o mercado de dinheiro, apoiou com recursos os outros bancos centrais e zerou a taxa de juros americana. Funcionou. A economia se estabilizou, voltou a crescer e agora dá sinais de que está acelerando. Muitos imaginaram que, depois, o presidente do FED teria o mandato renovado para mais 4 anos a partir de fevereiro, quando termina o atual, mas é cada vez maior o risco de isso não acontecer.
Meses atrás começaram as especulações de que o presidente americano, Joe Biden, trocaria o comando do FED. O assunto ficou em banho-maria por um tempo, mas voltou com força na semana passada, depois de um encontro de Biden com Lael Brainard, atual dirigente do BC americano. Ela e Jerome Powell foram recebidos pelo presidente em encontros separados, o que se discutiu com um não necessariamente foi discutido com a outra. Teria a vantagem: ser democrata, do mesmo partido de Joe Biden e Jerome Powell, que assumiu o cargo em 2018 indicado pelo ex-presidente Donald Trump, mas não conta com muita simpatia no partido.
A senadora Elizabeth Warren, ex-aspirante à Casa Branca, por exemplo, acusa o presidente do FED de enfraquecer a fiscalização sobre o sistema bancário, piorando os efeitos na crise do ano passado. De Joe Biden, nenhuma palavra, exceto que a decisão sai em breve. Enquanto isso, o mercado assiste a espera mais longa já vista para confirmar ou não o presidente do FED. A maior parte dos investidores continua confiando na indicação. Numa pesquisa recente, 69% dos entrevistados disseram que acreditam na recondução. Só que esse índice era de 89% em setembro.
É direito do presidente americano indicar o presidente do FED que achar mais conveniente. Foi o que fez Donald Trump ao substituir Janet Vellen, responsável pela recuperação da economia da outra crise, a do subprime. Mas se a troca for confirmada, firma uma tradição recente de presidentes do FED com só um mandato. Janet Vellen ficou 4 anos no cargo, o mesmo aconteceria com Jerome Powell. Cenário bem diferente das últimas décadas. Alan Greenspan, por exemplo, ficou 19 anos no cargo, atravessando mandatos republicanos e do democrata Bill Clinton. Mas eram tempos bem menos polarizados.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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