Samy Dana: O que a lista dos mais ricos do mundo diz sobre a economia mundial
As empresas americanas ainda dominam o topo dos negócios, e seus criadores dominam o topo dos mais ricos
As listas dos mais ricos do mundo costumam ser curiosas. Têm um quê de notícias de celebridades, mas também são uma forma de entender a economia. Esta semana, por exemplo, o sul-africano Elon Musk, executivo-chefe da Tesla e da SpaceX, se tornou a quarta pessoa mais rica do mundo. Depois de ganhar US$ 8 bilhões em um dia com as ações da Tesla, chegou a uma fortuna pessoal de US$ 84,8 bilhões e ultrapassou o francês Bernard Arnault, da Louis Vuitton.
- Jeff Bezos (Amazon) US$ 188 bilhões
- Bill Gates (Microsoft) US$ 121 bilhões
- Mark Zuckerberg (Facebook) US$ 99 bilhões
- Elon Musk (Tesla) US$ 84,8 bilhões
- Bernard Arnault (LVMH) US$ 84,6 bilhões
- Mukesh Ambani (Reliance) US$ 78,8 bilhões
- Warren Buffett (Berkshire) US$ 78,2 bilhões
- Steve Ballmer (Microsoft) US$ 75,7 bilhões
- Larry Page (Google) US$ 72,5 bilhões
- Sergey Brin (Google) US$ 70,3 bilhões
Musk é um caso raro na lista, porque é tanto executivo como inventor. Para começar, foi um dos criadores do Paypal, um dos sistemas de pagamento mais usados do mundo. Depois que o Paypal foi vendido, usou o dinheiro para criar a Tesla, principal fabricante de carros elétricos do mundo, e a SpaceX, que desenvolve foguetes e acaba de levar astronautas ao espaço. Ele comanda o design de produtos nas duas empresas e tem uma carreira mais parecida com a de lendários empreendedores do passado, como Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, e Nikola Tesla, de inventos importantes como o motor de corrente alternada, do que com a dos outros nomes da lista.
Mas mesmo com suas diferenças, Elon Musk faz parte dos dois grupos dominantes entre os mais ricos. Primeiro, é homem, assim como os outros nove nomes da lista. Segundo, comanda uma empresa de tecnologia. Dos 10 maiores bilionários, 7 estão ligados a um dos maiores gigantes do setor: Facebook (1), Microsoft (2), Google (2), Amazon (1) ou Tesla (1). Entre as 10 maiores empresas do mundo, 7 são de tecnologia. Dez anos atrás, como comparação, essa dominância não existia. Bill Gates também era o segundo colocado, mas o homem mais rico do mundo era o mexicano Carlos Slim, dono de um conglomerado de empresas de ramos mais tradicionais. Hoje não está mais na lista. Além de Gates, só Larry Ellison, da Oracle, era saído do setor de tecnologia em 2010.
Havia espaço para bilionários de setores mais tradicionais, como mineração e petróleo, com o brasileiro Eike Batista, 8º mais rico do mundo em 2010, e siderurgia, do indiano Lakshmi Mittal, 5º mais rico no mesmo período. Hoje, o mais próximo deles é Mukesh Ambani, com negócios que vão de petróleo a telecomunicações. Ausência sentida é a de chineses. Tencent, maior empresa de vídeogames do mundo, e Alibaba, gigante do varejo online, estão na lista das empresas de maior valor de mercado, mas nenhum CEO ou bilionário chinês entrou na lista. Por isso mesmo, é uma lista americana. Mesmo Sergey Brin, do Google, nascido na Rússia, emigrou para os Estados Unidos aos 6 anos, e Elon Musk é cidadão americano. Prova de que as empresas americanas ainda dominam o topo dos negócios, e seus criadores dominam o topo dos mais ricos.
*Samy Dana é economista e colunista na Jovem Pan.
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