Benefícios superam os riscos na vacinação de crianças entre 5 e 11 anos

Resultados de estudo com a vacina da Pfizer apontam para segurança e efetividade contra a Covid-19 acima de 90% após a segunda dose; CoronaVac também é opção

  • Por Sergio Cimerman
  • 13/11/2021 08h00
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Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo Sob uma mesa de vidro, dois frascos com vacinas e duas vacinas, com um símbolo da Pfizer se destacando atrás Pfizer pediu autorização à Anvisa para que vacina seja usada em crianças entre 5 e 11 anos

Nas últimas semanas, estamos sendo atropelados por notícias negacionistas no tocante à vacinação da faixa etária dos 5 aos 11 anos de idade, onde vemos “médicos” formados pelo Google emitindo opinião desfavorável à vacinação, outros órgãos de jornalismo questionando a real necessidade e por aí vai. Cada dia uma novidade e sem embasamento científico. Chegamos ao absurdo de membros da Anvisa serem ameaçados de morte se for aprovada a imunização da população dessa faixa etária. 

Vamos às evidências concretas: vacinar é fundamental para esses pequenos jovens. Em uma das mais respeitadas revistas médicas, foi publicado o estudo da vacina da Pfizer entre 5 e 11 anos de idade, e os resultados apontam para segurança, imunogenicidade e efetividade contra a Covid-19 acima de 90%, sete dias após a segunda dose. No estudo, as duas doses são mantidas com intervalo de 21 dias – e aqui um ponto fundamental: apenas 1/3 (10 microgramas) da dose foi aplicada com essa expressão de resultado. Outra informação importante: os efeitos colaterais tradicionais das vacinas foram menores em percentual quando comparados com a dose cheia (30 microgramas). O FDA, o órgão regulatório dos Estados Unidos, aprovou por unanimidade a incorporação do imunizante a essas crianças. Não tenho dúvida que os benefícios superam os riscos e, sobretudo, no adoecer pela doença em sentido de gravidade e óbito. O Brasil é um dos países mais acometidos de casos fatais pela Covid-19 na população pediátrica. Em 2020, chegou a 0,6% e, em 2021, teve uma queda discreta para 0,3%. Se a vacinação dessa faixa etária for aprovada no Brasil, ganharemos como um todo. Neste mês, devemos ter uma resposta da Anvisa e, em caso favorável, que não vejo como não ser, o nosso programa de imunização deve já estabelecer um processo organizacional para atender esses jovens a nível federal, com nota técnica e distribuição do imunizante.

Outra vacina que poderia facilmente entrar nesse arcabouço de opções para as crianças seria a CoronaVac – imunizante de vírus inativado, que compõem a maioria das vacinas que as crianças fazem uso e de larga experiência em nosso país. Devemos pensar nessa possibilidade pois os efeitos colaterais são ainda menores. Experiência não falta: exemplos vindos do Chile e da China com sucesso na aplicação. Devemos ter um olhar de ciência e não de achismos. Se ocorrem dúvidas dos pais, devem ser orientados por profissionais médicos que estejam em consonância com as atualidades da Covid-19. Imunizando essa faixa etária por completo, podemos nos tornar, em curto espaço de tempo, o país que mais vacinará sua população e, consequentemente, menos casos de gravidade e óbitos entre nós. 

Caminhamos muito bem até aqui. Se nada mudar no caráter mutacional do vírus, estaremos livres de uma nova onda epidêmica. Benefícios indiretos da imunização implicaria também na probabilidade de redução de transmissão nas casas e nas escolas, com repercussão positiva em pessoas mais vulneráveis à doença grave que convivem com esses jovens. Enfim, vamos manter e estender a vacinação a todas as idades. Não acreditem em mensagens falsas. Creiam na ciência e em fatos comprovados. O Brasil, que já foi um dos três maiores países em número de casos e óbitos, ao menos será um dos três maiores vacinadores do mundo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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