Qual a gravidade da nova variante Ômicron, os riscos e os impactos que pode causar

Mutação do novo coronavírus pode afetar a eficácia dos tratamentos aprovados de modo emergencial além de sobrecarregar serviços de saúde na ponta do atendimento; cepa, porém, não parece ser mais agressiva do que a Delta, mas pode ter maior poder de transmissibilidade 

  • Por Sergio Cimerman
  • 30/11/2021 15h32 - Atualizado em 30/11/2021 17h24
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Kim Ludbrook/EFE Uma moradora do bairro de Soweto, em Joanesburgo, África do Sul, passa por um mural que retrata uma mulher usando uma máscara Moradora circula pelo bairro de Soweto, na África do Sul, país onde a variante foi descoberta, de acordo com a OMS

Em tempos de calmaria que vivíamos em solo nacional, com a imunização em passos largos, fomos informados de uma nova variante de preocupação na Covid-19. O primeiro caso ocorreu em 9 de novembro e foi reportado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 24 como a variante B.1.1.529. Recebeu o nome de Ômicron pela OMS no dia 28, após relato de casos na África do SulQual a importância desta nova variante? Apresenta número de mutações em grande quantidade na proteína S (spike) e isto pode impactar na efetividade das vacinas atualmente disponíveis na maioria dos países. Do ponto de vista de gravidade, não parece ser mais agressiva do que a variante Delta, porém pode se apresentar com maior poder de transmissibilidade. Mas isso só iremos saber um pouco mais a frente por meio da observação clínica dos pacientes. Dados preliminares da Associação Médica da África do Sul apontam para quadros leves sem desfechos clínicos sérios/graves e, em especial, nos vacinados.

Temos condições técnicas no Brasil de detectar essa variante? Sim, por meio de sequenciamento genômico e, grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, dispõem de tecnologia para este diagnóstico de certeza. Sabemos que um paciente brasileiro vindo da África do Sul testou positivo 48 horas após sua chegada no país. Está sendo monitorado, e respostas serão dadas em poucos dias. Não podemos causar pânico e divulgar fake news em grupos de mídias sociais. Devemos ter calma e escutar a ciência que dará a real magnitude do caso. Muita especulação em torno desta nova situação leva a um desgaste econômico mundial com queda das Bolsas de Valores, aumento na cotação de moedas internacionais e por aí vai. Com a proibição da Anvisa de entrada no Brasil de passageiros de algumas nações, talvez consigamos atenuar a disseminação entre nós. Eu iria até mais longe: mesmo cidadãos brasileiros deveriam ser monitorados por 10 a 14 dias até que tenhamos uma definição maior do impacto que esta nova variante pode levar. O impacto que ainda não está concluído seria nos casos de reinfecção pela Covid-19, afetando os serviços de saúde na ponta do atendimento. Outro impacto poderia ser na resposta aos tratamentos aprovados de modo emergencial, como os anticorpos monoclonais, antivirais e imunomoduladores que poderiam não ter a mesma eficácia apresentada em outras variantes

Uma reflexão com tudo isto seria a necessidade imperativa dos países ricos doarem imunizantes a nações com economias fragilizadas, pois se nota que no continente Africano a vacinação não chega a 30% em muitos casos o que facilita novas variantes. Seria uma estratégia a se pensar e colocar em prática. Estes fatos novos só vêm de encontro com o que falamos a tempos: tomar as duas doses quem não tomou ainda, dose de reforço a quem tem direito após quinto mês da última dose e, agora mais do que nunca, reforçar testagem mais ampla na população. Com esses novos anúncios, é preciso pensar no que iremos fazer nas festas de final de ano e, sobretudo, na maior festa popular do país, o Carnaval. Espero podermos voltar em breve a falar sobre baixas internações e óbitos e não em novas variantes e impactos que podem causar. Chega de Covid-19.

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