Snowden reitera a Parlamento Europeu que EUA teriam pedido sua execução

  • Por Agencia EFE
  • 07/03/2014 14h03

Bruxelas, 7 mar (EFE).- O ex-técnico da CIA Edward Snowden denunciou ao Parlamento Europeu (PE) que os que autoridades do governo dos Estados Unidos pediram sua “execução”, que os serviços secretos russos o contataram para ter informações sobre a espionagem americana e que ainda há muitos programas secretos não revelados.

Snowden fez as afirmações em resposta por escrito enviada à Comissão de Liberdades Civis do PE, que investiga o escândalo de espionagem em massa de Washington na Europa e às quais a Agência Efe teve acesso.

No texto, o ex-espião, que garante não ter qualquer apoio financeiro para suas atividades, reitera à comissão do PE: “Oficiais do governo americano (…) pediram minha execução”.

Em outro ponto, Snowden afirma que “certamente” os serviços secretos russos se aproximaram dele quando o escândalo veio à tona, mas “estavam decepcionados” porque “não levei comigo nenhum documento de Hong Kong”.

Snowden acrescenta que o governo dos Estados Unidos reconheceu que “não há provas de qualquer relação” entre ele e a inteligência russa e que também não está em contato com as autoridades chinesas.

“Um serviço de inteligência não demora muito tempo para perceber quando não teve sorte”, ironizou.

A declaração à comissão do PE encarregada de investigar o escândalo acontece após vários meses sem acordo sobre seu formato e após uma videoconferência ser descartada.

Snowden, que está asilado na Rússia, anuncia que fará novas revelações sobre operações de espionagem em massa de cidadãos europeus, quando as circunstâncias forem “seguras”.

“Há muitos outros programas secretos que impactariam nos direitos dos cidadãos europeus, mas deixarei esse assunto de interesse público para quando for seguro revelá-lo a jornalistas responsáveis”, acrescenta.

Snowden reitera aos eurodeputados que “nenhum governo ocidental provou que esses programas são necessários” para a luta contra o terrorismo e os considera “não apenas ineficazes, mas carentes de base legal”, ressaltando que “bilhões” de pessoas são espionadas.

Perguntado sobre seus pedidos de asilo em alguns países da União Europeia (UE), Snowden diz que continua à espera de uma resposta positiva, mas indica que alguns parlamentares nacionais lhe confessaram que os “Estados Unidos não permitirão” que aceitem o ativista.

O americano, que se recusa a revelar novas informações confidenciais, confirma que a Agência de Segurança Nacional Americana (NSA) exerce pressão nos países da UE para “mudarem suas legislações a fim de permitir a vigilância em massa” e menciona de operações neste sentido na Suécia, Holanda e Alemanha.

“A NSA não só permite e guia, mas também compartilha alguns sistemas de vigilância em massa e as tecnologias com agências dos Estados-membros da UE”, destaca.

Além disso, ressalta a autenticidade dos documentos que detalham ciberataques por parte da NSA às instituições europeias, à ONU, ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a entidades como Swift e Belgacom.

“Diariamente são utilizadas ferramentas de vigilância em escala global como meio de espionagem econômico”, acrescenta Snowden, que declara que denunciou as práticas durante seu trabalho na CIA a mais de dez oficiais diferentes sem obter resultados.

“Se querem me ajudar, podem fazê-lo ajudando a todos: declarem que a divulgação em massa e indiscriminada de dados privados por parte dos governos é uma violação de nossos direitos que deve terminar”, pede o ex-analista aos eurodeputados.

Para Snowden, “a comunidade internacional deve conjugar normas comuns de comportamento e investimento no desenvolvimento de medidas técnicas para se defender contra a vigilância em massa”. EFE

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