O diretor-geral da Polícia Federal usou a quarta-feira de cinzas (14) para tentar conter a crise após uma entrevista em que indicava a tendência de arquivar uma denúncia contra o presidente Michel Temer.
Fernando Segovia chamou sindicalistas, representantes de entidades para se explicar e dizer que não pretendeu interferir no inquérito em andamento e dizer que suas palavras foram mal interpretadas e que a entrevista era sobre agenda positiva para a PF e que apenas no final foi falado sobre o inquérito e ele teria sido infeliz ao colocar as coisas daquela maneira.
Falar de inquérito em andamento e indicar que delegado poderia sofrer sanção e até ser afastado em razão das perguntas formuladas ao presidente foram dois pontos criticados após a entrevista concedida por Fernando Segovia.
As perguntas tinham razão de ser, são condizentes com o inquérito e isso chamou atenção por ser algo que o Planalto já vinha pressionando desde antes da entrevista.
Desde a indicação de Segovia para substituir Leandro Daiello, havia vícios de origem para a indicação avalizada por nomes investigados na Operação Lava Jato. É como colocar alguém da confiança dos investigados para comandar as investigações. Segovia está pagando a prestações a indicação que ele teve. Ele quis falar o que falou: que não há nada contra o presidente até agora e que o delegado poderia até ser punido pelo tom das perguntas.
Isso é impróprio. A pressão saiu pela culatra, porque agora dificilmente ele poderá afastar o delegado sem parecer um carimbo do Palácio do Planalto.
Na segunda-feira, o ministro Barroso se reunirá com Segovia e vai depender do que Dodge vai apresentar representação contra ele. É preciso aguardar para ver se o “puxão de orelha” que ele irá levar será suficiente ou se ocorrerá um processo. Por ora, creio que ficará na base da bronca, mas sem sanções.