Vera: Ao sugerir nova Constituinte, Alcolumbre mostra que não quer prisão em 2º instância
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Ao levantar a possibilidade de realizar nova Assembleia Constituinte para discutir a prisão após condenação em segunda instância, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), demonstra que não quer que o novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) seja alterado. Com isso, ele se alia a uma série de parlamentares ameaçados de condenação em curto prazo ou as que já estão condenados, e confirma que tem interesse próprio nessa discussão.
Ao dar vazão a essa ideia – que surgiu justamente dos parlamentares que não querem a prisão em segunda instância -, o senador está criando uma dificuldade extra para dizer que não é possível discutir o assunto quando, na verdade, não se trata de uma cláusula pétrea da Constituição o momento em que acaba a presunção de inocência. O que a Constituição diz é que todos serão considerados inocentes até o trânsito da sentença condenatória, então é nisso que se tem que mexer – qual é o momento do trânsito em julgado da sentença condenatória.
Até porque, se o trânsito em julgado fosse uma cláusula pétrea, não teria vigorado, por muitos anos antes de 2009 e entre 2016 e 2019 o entendimento que você pode, sim, cumprir a prisão após a condenação em segunda instância. Dizer que isso não é permitido equivale a dizer que os ministros do STF, que são os guardiões da Constituição, violaram uma cláusula pétrea, o que não é razoável.
Além disso, vale lembrar que a Constituição brasileira só tem 30 anos. Falar em uma nova, neste momento, é dar margem para retrocessos e golpismos, ainda mais em um momento em que o nosso ambiente está muito polarizado politicamente. Nesse ambiente, as ideias que surgiriam para uma nova Constituição certamente implicariam em retrocessos. Um país que se quer democrático e estável não pode querer uma Constituição a cada três décadas.
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