Vera: Queda na popularidade mostra que retórica agressiva de Bolsonaro não é bom caminho
A queda expressiva na popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PSL), tanto na sua avaliação pessoal como na de sua gestão, apresentadas pela pesquisa CNT/MDA nesta segunda-feira (26), coincidem com o período de radicalização de suas retóricas e do afastamento de suas bandeiras de campanha.
Após um período mais calmo, ele entendeu que precisava mudar sua forma de se comunicar e suspendeu as entrevistas mais bem organizadas, como os cafés da manhã com jornalistas, articulados pelo porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, e passou a dar os famosos quebra-queixos no meio de suas agendas e saídas do Palácio da Alvorada. Foi lá que ele soltou algumas de suas maiores bombas, como a sobre o pai do presidente da Ordem Brasileira dos Advogados (OAB) e as atuais sobre a Amazônia.
A mudança em sua postura aconteceu porque havia um entendimento no interior do governo, mais ligado a seu filho, Carlos Bolsonaro, de que esse estilo duro iria levá-lo ao sucesso, já que havia usado essa estratégia durante as eleições. O problema é que a eleição de Bolsonaro não se deu a isso, e sim a um conjunto de fatores, como o combate à corrupção, o antipetismo, entre outros.
É mentira que esse tipo de retórica agressiva funcione. Se o presidente começar a se aconselhar com pessoas mais racionais e menos passionais, que não estejam em sua bolha de puxa-saquismo, vão lhe dizer que agora ele é o presidente do conjunto da sociedade e precisa governar para o conjunto do país; que suas declarações tem consequências e que ele não é mais o Johnny Bravo, e sim o presidente da República. E os números da pesquisa precisam servir para isso: não para uma negação, já que não são bons, mas para uma reavaliação de sua postura.
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