Violência se estende fora da capital e deixa 60 mortos em três dias na RCA
Johanesburgo, 22 jan (EFE).- Enquanto a capital da República Centro-Africana (RCA), Bangui, recupera a calma, a violência se estende a outras regiões do país, onde nos últimos três dias morreram 60 pessoas, segundo informou nesta quarta-feira a Cruz Vermelha em comunicado.
“Homens armados no norte e no oeste seguem atacando a população”, diz a nota da organização.
“Nos últimos três dias, voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana enterraram 60 corpos na zona de Bossembélé, Boyali e Boali (no oeste)”, prossegue o texto, que informa sobre pelo menos 29 feridos.
Além disso, a Cruz Vermelha adverte que a violência segue provocando a fuga de mais gente, afirma que elas abandonaram Bangui fugindo das armas e dos machetes e que ainda não se sentem seguras para retornar.
Enquanto isso, no norte, centenas de pessoas -entre as quais estão homens armados- seguem chegando procedentes de Bangui.
“Pedimos às autoridades de transição da República Centro-Africana e às forças armadas internacionais que atuem de forma imediata para garantir a segurança”, assinalou o diretor da delegação da Cruz Vermelha no país, Georgios Georgantas.
“A prioridade é administrar primeiros socorros e se ocupar com dignidade dos corpos. O número de baixas em Bangui diminuiu, mas as necessidades aumentam no resto do país”, disse Bonaventure Bawirutwabo, coordenador médico da organização na RCA.
Bawirutwabo alertou sobre a falta de meios para cuidar da situação nas zonas rurais, e explicou que a Cruz Vermelha tenta transferir os feridos mais graves a Bangui, onde podem ser tratados por seus especialistas em um hospital.
O Conselho Nacional de Transição (CNT, Parlamento provisório) da RCA elegeu em 20 de janeiro como novo presidente interina Catherine Samba-Panza, prefeita de Bangui.
Samba-Panza terá como missão principal restabelecer a paz e pôr freio à onda de violência entre cristãos e muçulmanos que a RCA vive desde dezembro.
A violência na RCA começou em 5 de dezembro, quando as milícias cristãs “Antibalaka” levaram o caos a Bangui, onde houve intensos tiroteios com artilharia pesada.
Os enfrentamentos, iniciados por esses milicianos partidários do deposto presidente François Bozizé, ocorreram antes que a ONU autorizasse a intervenção militar da França junto a uma força africana para restabelecer a ordem.
Nas últimas semanas, houve choques entre partidários da aliança rebelde Séléka, que depôs o Governo em março de 2013, e as milícias “Antibalaka” (“antimachete” em sango, a língua nacional), que atacaram civis muçulmanos, confissão dos membros de Séléka, minoritária no país.
A crise da RC explodiu quando e, 24 de março a capital foi tomada pelos rebeldes do Séléka, que assumiram o poder após a fuga de Bozizé ao exílio, e foi formado um Governo liderado pelo líder insurgente Michel Djotodia. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.