Lula viaja e oposição trabalha
Oposição inicia bateria de convocações de ministros para que prestem contas do que fizeram em suas pastas nos primeiros 100 dias de governo; ofensiva se soma a pedidos de CPIs e CPMIs
Hoje, serão ouvidos na Câmara quatro ministros de Lula. Renan Filho (Transportes), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Silvio Almeida (Direitos Humanos) serão questionados sobre o que têm feito nas suas pastas nos primeiros 100 dias de gestão. Trata-se de mais uma frente de pressão sobre um governo que sofre desgaste prematuro, não consegue compor uma base de apoio no Congresso Nacional e sequer avança em pautas prioritárias. Outros ministros já estão na mira dos parlamentares: Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Fernando Haddad (Fazenda), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Paulo Pimenta (Secom) e Carlos Fávaro (Agricultura). Até o vice Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços) também deve ser convocado nas próximas semanas. A estratégia de convites e convocações se soma à das comissões de inquérito, que se avolumam à espera da deliberação de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Ontem, a Frente Parlamentar do Agronegócio cobrou do presidente da Câmara a instalação imediata da CPI do MST. No Senado, a opositores aguardam ansiosamente a leitura da CPMI do 8 de janeiro na sessão convocada para o dia 18. Pacheco tem atuado com cautela, mas sabe que o clima interno vem azedando e dificilmente conseguirá defender por muito mais tempo um mandatário que insiste em se manter no palanque, governando pelo retrovisor e apostando na polarização. Os novos ataques de Lula a Roberto Campos Neto colocam o presidente do Senado numa saia justa. Ele mesmo convidou o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central para um “debate conciliatório” no próximo dia 27.
Em outra iniciativa polêmica, a Comissão de Fiscalização e Controle tentará realizar uma audiência pública para debater os “bens recebidos pelo presidente Lula entre 2003 e 2010 e pela ex-presidente Dilma Rousseff entre 2011 e 2016”. O objetivo é equilibrar a narrativa pública diante do inquérito sobre as joias sauditas de Jair Bolsonaro, lembrando que os presentes recebidos pelo petista foram alvo da Lava Jato e de processo do Tribunal de Contas da União, que determinou a devolução de parte do material para o acervo público da Presidência. Na semana passada, a Jovem Pan também revelou que Lula tem desfilado publicamente com um relógio Piaget, avaliado em R$ 80 mil. O modelo é diferente daquele que foi objeto de reportagens da imprensa no ano passado. Se foi um presente, é preciso dizer quem deu e quando.
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