Lula viaja e oposição trabalha

Oposição inicia bateria de convocações de ministros para que prestem contas do que fizeram em suas pastas nos primeiros 100 dias de governo; ofensiva se soma a pedidos de CPIs e CPMIs

  • Por Claudio Dantas
  • 12/04/2023 11h58
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Jefferson Rudy/Agência Senado Rodrigo Pacheco e Arthur Lira Arthur Lira (PP) cumprimenta Rodrigo Pacheco (PSD) no plenário da Câmara dos Deputados durante sessão solene do Congresso Nacional

Hoje, serão ouvidos na Câmara quatro ministros de Lula. Renan Filho (Transportes), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde) e Silvio Almeida (Direitos Humanos) serão questionados sobre o que têm feito nas suas pastas nos primeiros 100 dias de gestão. Trata-se de mais uma frente de pressão sobre um governo que sofre desgaste prematuro, não consegue compor uma base de apoio no Congresso Nacional e sequer avança em pautas prioritárias. Outros ministros já estão na mira dos parlamentares: Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Fernando Haddad (Fazenda), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Paulo Pimenta (Secom) e Carlos Fávaro (Agricultura). Até o vice Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços) também deve ser convocado nas próximas semanas. A estratégia de convites e convocações se soma à das comissões de inquérito, que se avolumam à espera da deliberação de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.

Ontem, a Frente Parlamentar do Agronegócio cobrou do presidente da Câmara a instalação imediata da CPI do MST. No Senado, a opositores aguardam ansiosamente a leitura da CPMI do 8 de janeiro na sessão convocada para o dia 18. Pacheco tem atuado com cautela, mas sabe que o clima interno vem azedando e dificilmente conseguirá defender por muito mais tempo um mandatário que insiste em se manter no palanque, governando pelo retrovisor e apostando na polarização. Os novos ataques de Lula a Roberto Campos Neto colocam o presidente do Senado numa saia justa. Ele mesmo convidou o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central para um “debate conciliatório” no próximo dia 27.

Em outra iniciativa polêmica, a Comissão de Fiscalização e Controle tentará realizar uma audiência pública para debater os “bens recebidos pelo presidente Lula entre 2003 e 2010 e pela ex-presidente Dilma Rousseff entre 2011 e 2016”. O objetivo é equilibrar a narrativa pública diante do inquérito sobre as joias sauditas de Jair Bolsonaro, lembrando que os presentes recebidos pelo petista foram alvo da Lava Jato e de processo do Tribunal de Contas da União, que determinou a devolução de parte do material para o acervo público da Presidência. Na semana passada, a Jovem Pan também revelou que Lula tem desfilado publicamente com um relógio Piaget, avaliado em R$ 80 mil. O modelo é diferente daquele que foi objeto de reportagens da imprensa no ano passado. Se foi um presente, é preciso dizer quem deu e quando.

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