Ex-chefe do GSI de Lula diz à PF que houve ‘apagão geral’ no 8 de Janeiro

Em depoimento à Polícia Federal, general Gonçalves Dias diz que GSI não foi convidado para reunião de planejamento sobre 8 de janeiro, contraria versão de Moraes e responsabiliza Dino, Múcio e Torres

  • Por Claudio Dantas
  • 21/04/2023 20h34 - Atualizado em 22/04/2023 19h11
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO General Gonçalves Dias General Gonçalves Dias deixa a sede da Polícia Federal após prestar depoimento

Em depoimento de cinco horas à Polícia Federal na manhã desta sexta-feira, 21, o general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, afirmou que o acompanhamento dos movimentos antidemocráticos que desbordaram na invasão das sedes dos Três Poderes era “de atribuição do Ministério da Justiça, da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério da Defesa”. Ele reclamou que o GSI não foi convidado para a reunião do Plano de Ações Integradas, ocorrida na antevéspera da invasão, e que a falta de reação do governo no dia 8 de janeiro resultou de “um apagão geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões”. Ele negou ter recebido informações prévias da Abin.

G. Dias, como é conhecido, afirmou, entretanto, que os protestos já estavam sob a lupa do governo na transição, antes mesmo da posse, tendo sido avaliados pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional da SSP/DF. Segundo ele, no caso dos acampamentos em área militar, cabia ao Exército fiscalizar e retirá-los. E que entendeu, na noite da invasão, “não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos” que estavam acampados em frente ao QG do Exército, sem que houvesse um planejamento prévio, “em razão dos ânimos exaltados e a presença de famílias, idosos e crianças”.

À PF, o ex-chefe do GSI de Lula esclareceu que, no início da tarde daquele domingo, havia no Planalto 45 agentes da Coordenação Geral de Segurança, 46 militares do 1o Regimento de Cavalaria de Guardas e 1 Pelotão de Choque de Reforço com 38 militares do Batalhão da Guarda Presidencial. Ele disse que a sede do governo foi invadida às 15h41 e que chegou ao local às 14h50, quando viu “a multidão conseguir superar o bloqueio da PMDF e partir em direção ao Palácio do Planalto”. Então, pediu reforços. “Que ao final da operação o total de militares era de 487 e de policiais militares era de 520 e que não tem conhecimento se houve demora injustificada do Exército”, em apoia à segurança no local.

“Que ao entrar no Palácio do Planalto, se dirigiu ao 4o andar e verificou que havia invasores e estavam sendo retirados por agentes do GSI e após descer para o 3o andar fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contígua e conduziu essas pessoas à saída.” Questionado por que não efetuou a prisão dos invasores, o general disse que “estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2o piso tão logo descessem, pois era o protocolo; que não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão”.

Por fim, o general afirmou ter entregue as imagens das câmeras da Presidência a todas as instituições de Estado, “sem omissão de possíveis filmagens”. A versão contradiz a cobrança feita por Alexandre de Moraes, mais cedo, em despacho no qual determinou a quebra do sigilo das gravações e a entrega integral do material.

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