Entenda por que o estresse faz os cabelos caírem

Especialista explica como a produção de hormônios interfere na saúde capilar

  • Por EdiCase
  • 12/09/2022 14h00
O estresse pode causar queda de cabelo O estresse pode causar queda de cabelo Imagem: Shutterstock

Notar os cabelos caindo por conta de estresse ou que os fios estão ralos após uma situação traumática é algo comum e que, embora pareça simples de reverter apenas procurando se estressar menos, precisa de cuidados específicos. O diagnóstico vai além de reconhecer a causa externa para o problema, os cuidados devem ser internos também, pois o estresse tem relação com a secreção hormonal, mais precisamente com o cortisol. 

A seguir, o médico e tricologista Dr. Ademir Leite Junior, explica qual é a relação do estresse com a queda de cabelos. Confira! 

Momentos estressantes liberam mais hormônios

Em momentos de nervosismo, tensão excessiva ou sensação de perigo, o hormônio cortisol é liberado em maior quantidade, podendo ser responsável por diversos sinais e sintomas relacionados a problemas que, se pouco investigados ou combatidos isoladamente, permanecem por muito mais tempo. Como consequência, isso causa ainda mais estresse, ou seja, um diagnóstico equivocado traz mais sofrimento ao paciente.

“O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais. Faz parte do grupo dos hormônios conhecidos como esteroides e, assim como todos os esteroides, têm como matéria prima o colesterol. Trata-se, portanto, de um hormônio lipídico. É produzido ao longo de todo o dia, porém, com picos de produção e secreção no sangue próximo às 8 horas da manhã e às 16 horas da tarde”, explica o Dr. Ademir.

Altos níveis de cortisol fazem os cabelos caírem

Com a maior quantidade de hormônios liberados, surge a queda de cabelos causada pelo estresse. O Dr. Ademir Leite Junior usa como base estudos recentes para explicar melhor isso: “As pesquisas mostram que os folículos pilosos/capilares respondem ao cortisol reduzindo sua taxa de proliferação celular na raiz do cabelo, ou seja, os cabelos crescem menos e podem até parar de crescer sob a ação do cortisol. Mais que isso, os próprios folículos parecem produzir cortisol, função que exercem para sua autorregulação. Nestes casos, as próprias células das raízes dos cabelos podem diminuir suas atividades ou parar de trabalhar por controle próprio em função do cortisol”.

O cortisol em altos níveis causa danos aos cabelos (Imagem: Shutterstock)

Problemas causados pelo excesso de cortisol 

Para além dos cabelos, a gama de problemas possíveis a partir do excesso de cortisol por tempo prolongado é preocupante. Entre eles:

  • Diminuição da testosterona;
  • Perda de massa muscular;
  • Diminuição do apetite sexual;
  • Aumento do peso;
  • Aumento das chances de osteoporose;
  • Riscos para Síndrome de Cushing.

Por que fazer uma avaliação é importante?

Segundo o tricologista, “a avaliação do nível de cortisol na consulta de cabelos é sempre importante e esclarecedora, não só para diagnosticar quadros leves de elevação deste hormônio que podem causar a queda capilar, mas também para a identificação de problemas mais significativos dentro do ponto de vista da saúde do indivíduo como um todo”.

Benefícios do cortisol em níveis normais 

O cortisol em níveis normais tem seus benefícios como a regulação da pressão arterial, dos níveis de açúcar do sangue e do humor. Atua no manejo de carboidratos, proteínas e gorduras do corpo e fortalece a musculatura do coração, isso explica a importância desse hormônio quando o assunto é energia e disposição. 

Além disso, no que se refere aos cabelos, para que eles continuem em plena produção e firmes no couro cabeludo, o cortisol deve estar cumprindo bem seu papel para que esse funcionamento contribua na digestão, no ciclo menstrual, no equilíbrio do peso, entre outros pontos relacionados ao metabolismo.

Hábitos para controlar a produção do cortisol

Manter os níveis hormonais em harmonia é o ideal. Há casos em que são necessárias abordagens e tratamentos mais prolongados com equipe multidisciplinar. Mas, independentemente disso, vale mencionar que o combo alimentação saudável e exercícios físicos também se aplicam para o controle do cortisol. Com uma extensão de benefícios que alcança os neurotransmissores cerebrais, que são super bem-vindos, o trio: serotonina, dopamina e endorfina já têm a sua produção incentivada com a prática diária de atividades físicas. 

Médico e tricologista. É certificado como Tricologista pela Internacional Association of Trichologists (IAT). É membro e diretor da IAT. É diretor científico do CAECI Educacional, consultor de desenvolvimento de cosméticos e suplementos nutricionais, além de Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP. 

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