“Não adianta forçar uma candidatura e diminuir a bancada”, diz líder do MDB
O MDB deve ter candidatura própria à Presidência?
Sustento que, para o MDB ter candidatura própria, tem que ter um nome que efetivamente possa alavancar o partido, seja quem for. Nós temos que nos reconstruir, e a reconstrução passa necessariamente por dar passos lentos, avançar uma casa, em vez de duas, mirando um futuro mais distante. Não adianta forçar uma candidatura e arrastar consigo para baixo, puxar, diminuir a bancada no Congresso, candidatos a governador. Isso terá de ser analisado pelo partido com muita responsabilidade. Teríamos que ter candidatura se tivesse condições de ir para o segundo turno, mesmo que para perder. Podem ser esses nomes que estão postos (Michel Temer e Henrique Meirelles) ou outro que seria uma grande surpresa. Não podemos esquecer MDB é partido regional, de interior, que depende decisivamente de ter as maiores bancadas na Câmara, Senado e fazer a maioria dos governadores.
Como pré-candidato, Michel Temer pode representar a ala do MDB que defende a renovação?
É preciso ver se o partido vai lançar candidato ou não, e a princípio tem dois pré-candidatos. A vinda do ex-ministro Henrique Meirelles não foi solta, não ocorreu sem nenhuma estratégia. Se o partido tiver candidatura própria, é preciso ver qual é o nome que realmente vai ao encontro, minimamente, dos interesses da sociedade. É muito cedo para eu me posicionar
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) articula candidatura alternativa. Qual sua avaliação?
Uma vez que por pesquisa nós não tenhamos ninguém bem, a convenção existe exatamente para isso. Não sou contra prévia, nem contra bater chapa, nem a ter mais de um candidato, desde que a convenção ocorra o mais cedo possível.
Temer foi alvo de duas denúncias barradas pela Câmara dos Deputados. Isso provoca algum incômodo?
A Justiça tem que ser feita para todos, seja presidente da República, ex-presidente, qualquer cidadão está sujeito, principalmente quando é gestor público, a ser investigado e esse é um processo da democracia. Talvez até quanto maior o cargo maiores os holofotes e maior tem que ser o controle, seja interno, seja externo.
A sra. avalia que há margem para candidaturas mais extremistas, como a de Jair Bolsonaro?
Sem dúvida nenhuma. E não é do Bolsonaro, as pessoas estão mistificando muito a pessoa dele. Acho que ele não representa uma ideia, ele não é uma ideia. Ele representa o que as pessoas colocaram na figura dele, e consequentemente vão colocar na figura de outros que virão também, que é o oposto a tudo aquilo que estão vendo ou que não querem. O que me preocupa é essa ilusão e depois (os eleitores) se verem frustrados.
Fala-se muito numa aliança entre os candidatos de centro. O que acha dessa possibilidade?
Normalmente a disputa começa com muitas candidaturas e elas vão se afunilando ao longo do processo. Mas, diante da falta de uma grande liderança que já esteja dentro do processo, vai haver dificuldade maior de pré-candidatos abrirem mão de suas próprias candidaturas em nome desse consenso. As estatísticas mostram que quem bater 15%, 20% (das intenções de voto) a princípio já estaria no segundo turno (da disputa presidencial). Então, qualquer um que tenha hoje entre 8% e 10% não vai abrir mão de uma pré-candidatura.
A senhora é a primeira líder da maior bancada do Senado, com 19 parlamentares. Isso pode ser considerado um marco para as mulheres na política?
Na reunião de líderes da base aliada que tivemos com o presidente Temer, tinham cerca de 20 líderes. Eu era a única mulher. Então, sim, fora da questão partidária, para a política acho que é importante, mas mais importante é que isso representa uma reflexão muito profunda do MDB. Há uma ala do partido extremamente insatisfeita com o próprio partido, principalmente a ala que descende da grande era do PMDB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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