Ciro Gomes quer “tirar bancos públicos do cartel e forçá-los a competir”

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2018 16h56 - Atualizado em 06/08/2018 16h58
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Bruno Lima/Jovem Pan "Do garoto prodígio da política brasileira eu virei o doidão porque falei a verdade", disse Ciro ao lembrar que participou da elaboração do Plano Real

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, defendeu nesta segunda-feira (6) uma maior competição entre bancos, criticou a criminalização de empresas investigadas na Lava Jato, e disse que tentará aumentar a competitividade global da indústria brasileira caso eleito.

Ciro falou durante sabatina na sede da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em Brasília. O candidato fez afagos ao setor e defendeu investimentos na área para gerar empregos.

“Enquanto eu ajusto a máquina eu vou governar, e governar é gerar emprego”, disse Ciro, citando a construção civil.

Bancos

Durante o discurso, Ciro afirmou que “83% das transações financeiras do País se concentram em cinco bancos, dois dos quais estatais, que participam do cartel”.

Ciro voltou a citar que 63 milhões de brasileiros estão injustamente hoje no SPC (mais cedo ele prometeu tirá-los da lista de endividados) devido às altas taxas de juros praticadas pelos bancos, especialmente com cartões de crédito.

“Temos que tirar esses dois bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa) do cartel e forçá-los a competir”, sugeriu Ciro. O candidato vê um “risco de desnacionalização” do capital brasileira e “não gostaria que isso acontecesse”. Essa é, disse, a proposta do economista de Alckmin, Pérsio Arida: privatizar os bancos estatais e não permitir que banco brasileiro os compre. Ciro citou, no entanto, o Santander, banco estrangeiro que participaria do suposto cartel no Brasil.

Lava Jato, Sérgio Moro e construção civil

Ciro criticou a criminalização de grandes empresas da construção civil envolvidas na Lava Jato.

Apontando para o descaso com o o complexo industrial de petróleo e gás brasileiro, o candidato disse que “não faz sentido excluir as empresas brasileiras por questões morais e (o governo) contratou 17 empresas estrangeiras”.

O candidato disse que pesquisou e descobriu que “as 17 respondem por algum tipo de escândalo em suas origens”.

“No Brasil empresa é corrupta”, questionou Ciro. “Um juiz garoto, jovem, não duvido de suas boas intenções, arrebenta com o setor de construção pesada no País”, disse o candidato, em referência a Sérgio Moro, juiz da Lava Jato.

A empresários do setor, Ciro disse que dará “real prioridade para o setor da construção”, pois este “é um setor que responde imediatamente” na geração de empregos.

“(A construção civil) não importa insumos e emprega gente com dificuldade de requalificação”, afirmou.

Ciro disse também que há um “ganha-ganha” quando se investe, por exemplo, em saneamento e “cai imediatamente a despesa com saúde”.

Competitividade global

Ciro defendeu “equilibrar as assimetrias competitivas”. Ele apontou que “o competidor internacional se financia a zero e eu (brasileiro) me financio a 50%”.

“Essas externalidades têm que ser compatibilizadas pela macroeconomia do País”, defendeu o candidato, propondo alterações no câmbio, juro e tributação.

Ciro diz que o presidente Donald Trump “erra” com sua política protecionista. “Todos os ciclos de contração do comércio mundial levaram a recessões”, disse. “Para nós, da periferia (do comércio mundial) é uma tragédia”, afirmou.

Ciro também afirmou que, embora os americanos tenham o dólar e, portanto, “uma facilidade de trabalhar a questão fiscal”, uma vez que “todo mundo tem reserva em dólar”, “a situação fiscal americana é trágica. Eles só estão adiando um problema”, afirmou.

Metas

Ciro também defendeu um sistema de metas governamentais, que hoje considera inexistente no Brasil.

“Qualquer empresa, uma bodeguinha do interior do Ceará, tem planos, mas o Brasil não tem plano para nada”, comparou.

Ciro disse também que é um “admirador da iniciativa privada”. “Eu sei a importância histórica da iniciativa privada para a humanidade”, disse.

Para ele, porém, algumas questões exigem um governo forte. “Educação, saúde, desigualdade e a própria regulação do mercado exigem um Estado rígido. E isso exige um projeto”, declarou.

“Vou apresentar metas para 30 anos e tomar os indicadores socioeconômicos”, prometeu Ciro, citando metas de PIB/per capita e de mortalidade infantil.

“O ministério do Planejamento abrirá uma unidade de projetos para os municípios”, disse ainda, destacando que “temos muito dinheiro sobrando, grana de fora” para o saneamento básico. O dinheiro seria do Banco Mundial e não chegaria às cidades brasileiras por desconhecimento técnico dos municípios e excesso de burocracia. “Acaba com isso para ver a montanha de dinheiro que entra”, sugeriu.

Segurança jurídica e Ministério Público

“O Brasil vive um estado de baderna institucional. No nível municipal chega a ser criminoso o que está se fazendo”, voltou a dizer Ciro, também.

“Esse entulho será todo tirado da legislação brasileira”, prometeu. Ele criticou quando “o poder técnico usurpa o poder político”.

“Os poderes técnicos, Ministério Público, não têm prevalência sobre o poder político no País”, declarou. Ciro criticou o uso de denúncias a políticos por improbidade administrativa. “No mundo inteiro improbidade é uma lista fechada de críticas”, afirmou. “Não existe crime nem punição sem lei anterior que o defina”, disse ciro, lembrando brocardo do Direito.

Nesse “conjunto de leis” que Ciro propõe para “retirar o entulho” estaria uma “nova lei de licitações” e mudanças na lei de desapropriações, licenciamento ambiental e estrutura normativa dos órgãos de controle.

Ciro também criticou o Tribunal de Contas, que, segundo ele, “tem mais engenheiro que órgãos de execução”.

O candidato considera errado um “órgão auxiliar do legislativo tem o poder de suspender uma obra”. “Na minha opinião ele vai recomendar a suspensão”, sugeriu.

Desarmar a bomba do déficit – reforma da Previdência, imposto sobre fortunas e renúncia fiscal

Para acabar com o rombo fiscal, Ciro disse que haverá um “sacrifício nos seis primeiros meses”, mas “once and for all”, para “reverter expectativas”. “Conceitualmente você pode em seis meses virar as expectativas”, declarou.

Ciro lembrou que participou do plano real e disse: “do garoto prodígio da política brasileira eu virei o doidão porque falei a verdade”.

“É preciso desarmar essa bomba (do déficit fiscal)”, afirmou. “No Brasil presidencialista se faz nos seis primeiros meses, ou não faz”, disse Ciro sobre as reformas.

Ele promete reverter o déficit brasileiro em dois anos “se tiver espaço para trabalhar”.

“É diminuindo despesa e aumentando receita. O próximo presidente, se não desarma essa bomba, vai a 100% do PIB (de dívida) no primeiro ano”, previu.

“Hoje 26% dessa dívida vencem em quatro dias, R$ 1,134 trilhão”, declarou o candidato em relação à operação compromissada com o Banco Central, a qual denominou de “fraude”.

“Eu chegando à Presidência, vou passar uma lupa em cada centavo da despesa”, comprometeu-se. “A Previdência que está aí não é mais reformável. Esse regime de repartição só tem na Argentina e Venezuela”, comparou.

“Custos de transição (da reforma da Previdência), dá pra fazer, mas não é fácil nem trivial”, ponderou.

Ciro também voltou a defender cobrar imposto sobre lucros e dividendos e grandes heranças. “Só para grandes questões”.

O candidato também disse que vai “passar a lupa” sobre os R$ 354 bilhões de renúncia fiscal do País.

Assista à entrevista completa:

#AOVIVO #CoalizãoPelaConstrução

#AOVIVO #CoalizãoPelaConstruçãoCandidato Ciro Gomes, do PDT Nacional.

Publicado por CBIC Brasil em Segunda, 6 de agosto de 2018

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