Marina diz que Bolsonaro “evoca o lado escuro da força” e se irrita sobre possibilidade de ser vice

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2018 09h03 - Atualizado em 19/04/2018 09h03
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO "Por que, em relação a mim, as pessoas só conseguem indagar se eu aceitaria ser vice? Por que ninguém consegue fazer uma outra pergunta?", disse Marina Silva, sobre possível aliança com Joaquim Barbosa

A pré-candidata Marina Silva (Rede) disse que seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) “evoca o lado escuro da força”, em referência aos filmes “Star Wars”. Para Marina, Bolsonaro tem “forte viés autoritário” e “não respeita a democracia”.

“(Bolsonaro é) um candidato que evoca o lado escuro da força, e em momentos de crise a história já mostrou a que leva esse tipo de evocação. Um candidato de cunho populista, com viés autoritário muito forte, que não respeita direitos humanos, as minorias, e não respeita a própria democracia, muito embora usufrua dela para defender suas ideias antidemocráticas”, afirmou, em entrevista ao Jornal O Globo divulgada nesta quinta-feira (19).

Joaquim Barbosa

Questionada sobre o que vê de semelhanças entre ela e o ex-ministro do STF e pré-candidato Joaquim Barbosa (PSB), Marina destacou a origem humilde e “condições de vida simples” de ambos, embora diga que não queira “fazer esse tipo de ilação”. “Boa parte das pessoas não tem que provar nada. Pessoas com a nossa origem o tempo todo são desafiadas a provar que sabem pensar, falar, se portar, fazer alguma coisa”, afirmou a ex-senadora.

Perguntada se aceitaria ser vice numa chapa com Barbosa, Marina Silva mostrou irritação.

“Acho interessante que algumas pessoas, não importa quanto eu pontue nas pesquisas, não consigam me ver como uma possível candidata à Presidência da República. Às vezes eu pergunto: será que é por eu ser mulher? Será que é porque sou de origem humilde? Será que é porque sou negra? Será que é porque sou cristã evangélica?”, questionou.

“Independentemente de toda a trajetória, de 2010, de em 2014 ter sobrevivido a um massacre e ter 22 milhões de votos, de continuar a fazer política em condições inteiramente franciscanas e, mesmo assim, estar conseguindo ter o respeito e uma intenção de votos que para qualquer um é valorizada… por que, em relação a mim, as pessoas só conseguem indagar se eu aceitaria ser vice? Por que ninguém consegue fazer uma outra pergunta? Nós tomamos uma decisão depois de uma discussão muito acurada. Temos um projeto que não dependerá das candidaturas. Estamos abertos ao diálogo? Sim, mas com muito respeito por nossa candidatura”, concluiu.

Lula

Questionada, Marina disse que não cogitou ir para São Bernardo do Campo dar um abraço a Lula antes de o ex-presidente ser preso no último dia 7.

“Quando a dona Marisa morreu, eu liguei para o presidente Lula, me solidarizei com ele, porque ali havia uma questão de alinhamento humano. Em relação à questão política, não havia alinhamento”, disse a pré-candidata e ex-ministra do Meio Ambiente de Lula.

“Eu defendo a prisão em segunda instância, eu defendo que, uma vez assegurado o mais amplo direito de defesa, a lei deve ser aplicada igualmente para todos. O que não significa que eu não fiquei triste com tudo o que aconteceu”, reafirmou Marina.

Marina disse que não faz “uma adaptação de discurso para ficar canibalizando os votos do PT”.

Corrupção

“Eu não posso combater a corrupção quando ela acontece com um campo ideológico e fazer vista grossa quando acontece em outro”, disse a pré-candidata da Rede.

“Campanha franciscana”

Marina Silva vê nas dificuldades de arrecadação de campanha um “acordo do PT, PMDB e PSDB de tentar impedir que a sociedade faça mudança”. A líder da Rede promete uma “campanha franciscana”.

“Nós vamos fazer uma campanha franciscana. Estou andando de avião de carreira, acordando 4h da manhã para pegar voos mais baratos, estamos cadastrando pessoas amigas para hospedar equipes, estamos fazendo uma espécie de Airbnb”, comparou.

Questionada sobre o fato de um um eventual segundo turno com Bolsonaro ser entre dois declarados cristãos, Marina disse: “não gosto dessa dicotomia de dividir os candidatos de acordo com a fé que professam. Eu tenho a noção do que é o Estado laico, aliás, o Estado laico foi uma grande contribuição da reforma protestante”.

“Não quero que se faça no Brasil uma guerra santa”, disse.

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