Advogado egípcio processa Netflix após streaming retratar Cleópatra como uma mulher negra
Mahmoud al-Semary entrou com um processo no Ministério Público do Egito pedindo a investigação e até uma potencial suspensão da plataforma no país; ele alega que a série documental estaria distorcendo a história e a identidade do Egito
Um advogado egípcio processou a Netflix após o streaming retratar Cleópatra, a antiga rainha do Egito, como uma mulher negra. Segundo o jornal ‘Egypt Independent’, o Mahmoud al-Semary entrou com um processo no Ministério Público do Egito pedindo a investigação e até uma potencial suspensão da plataforma no país, já que, segundo ele, a série estaria distorcendo a história e a identidade do Egito. “Muito do que a plataforma da Netflix exibe não está nos conformes dos valores e princípios islâmicos e da sociedade, especialmente os egípcios”, diz, na ação. A série documental, com data de lançamento marcada para dia 10 de maio, traz a atriz Adele James como Queen Cleopatra e tem Jada Pinkett Smith como produtora-executiva, explora as vidas icônicas e proeminentes das rainhas africanas. Em determinado trecho divulgado, há entrevistadas que dizem frases como “possivelmente ela [Cleópatra] não era egípcia” ou “eu lembro de minha avó me dizendo: ‘Não importa o que eles te digam na escola: Cleopatra era negra’”. Por meio das redes sociais, Adele revelou que tem sido vítima de uma série de ofensas e chegou a compartilhar alguns com os internautas, deixando o seguinte recado: “para sua informação, esse tipo de comportamento não será tolerado em minha conta. Vocês serão bloqueados sem hesitação. Se você não gostou do elenco, não assista ao programa”.
Just FYI, this kind of behaviour won’t be tolerated on my account. You will be blocked without hesitation!!!
If you don’t like the casting don’t watch the show. Or do & engage in (expert) opinion different to yours. Either way, I’M GASSED and will continue to be! 🕺🏽🕺🏽🕺🏽 pic.twitter.com/zhJjaUkxyc
— Adele James (@Adele_JJames) April 13, 2023
Não foi só o advogado que não ficou satisfeito com a produção, o ex-ministro de antiguidades do Egito, Zahi Hawaiss, também fez críticas, afirmando que o retrato de Cleopatra como uma mulher negra é “completamente falso. Ela era grega”. Em entrevista a revista Variety, a diretora da produção da Netflix, Tina Gharavi, falou sobre a polêmica. “Fazendo minha pesquisa, percebi o ato político que seria se víssemos uma Cleópatra interpretada por uma atriz negra. Para mim, a ideia de que as pessoas estiveram tão inacreditavelmente erradas antes – historicamente, de Theda Bara a Monica Bellucci, e, mais recentemente, com Angelina Jolie e Gal Gadot na disputa para representá-la – significava que nós tínhamos que acertar ainda mais. A procura era para encontrar a intérprete certa para trazer Cleópatra ao século 21. Por que Cleópatra não deveria ser uma irmã com melanina? E por que algumas pessoas precisam que Cleópatra seja branca?”, disse. “Então, Cleópatra era negra? Nós não sabemos com certeza, mas nós podemos ter certeza de que ela não era branca como Elizabeth Taylor. Temos que ter uma conversa com nós mesmos sobre colorismo e a supremacia branca internalizada com a qual Hollywood nos doutrinou. Acima de tudo, temos que perceber que a história de Cleópatra trata menos sobre ela do que trata de quem nós somos”, acrescentou.
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