Exposição no ex-hospital Matarazzo termina neste fim de semana em SP

  • Por Agencia EFE
  • 10/10/2014 17h53

São Paulo, 10 out (EFE).- A exposição de arte contemporânea “Made by… Feito por Brasileiros” se despede neste fim de semana de São Paulo depois de receber mais de 80 mil visitantes, que foram ao grande espaço ocupado por antigo hospital, reaberto após 20 anos abandonado.

Entre paredes descascadas e muros detonados, mais de cem artistas, metade deles brasileiros, criaram para uma mostra que dialoga com o Hospital Humberto Primo – mais conhecido como “Matarazzo”-, que reflete e vincula o passado e o futuro das paredes que as acolhem.

Na antiga lavanderia do hospital, o brasileiro Artur Lescher instalou um mecanismo de chuva permanente com a água como protagonista.

Murais tribais, redes, jornais, computadores antigos, vasos rotas, lâmpadas, um figo e um retrato de um homem nu: a arte contemporânea abriga infinitas facetas e todas elas encontraram seu lugar nesta mostra, embora não por muito tempo.

O curador da exposição, o francês Marc Pottier, explicou à Agência Efe que, após cinco semanas de exibição, todas as obras desaparecerão assim que o espaço fechar suas portas.

Embora o custo da exposição tenha sido de quase R$ 15 milhões, Pottier não lamentou se desfazer da maioria das obras, porque isso “faz parte da aventura”.

Pottier atribuiu o sucesso de público à curiosidade de entrar em um espaço descuidado, patrimônio da maior cidade país, já que o imóvel não foi reformado para esta ocasião, só recebeu algumas medidas de segurança.

Os 27 mil metros quadrados do antigo Hospital Matarazzo permaneceram fechados durante 20 anos até passar das mãos da família industrial italiana para as do grupo francês Allard, que adquiriu o imóvel em 2011 por R$ 117 milhões.

A companhia europeia pretende manter a fachada, mas construir um hotel de luxo, um centro comercial, um espaço criativo e outros projetos ainda não definidos no terreno hoje ocupado pelo hospital, próximo à Avenida Paulista.

Por isso, durante a inauguração de “Made by… Feito por Brasileiros”, não faltaram vozes críticas que viram na mostra uma tentativa de legitimar o projeto imobiliário de Allard, polêmica que, para o curador, “nada tem a ver com a exposição”.

“A Allard convidará artistas a fazerem obras permanentes, para um futuro projeto da cidade Matarazzo”, contemporizou Pottier, que apontou a monumental instalação de madeira vermelha da entrada, criada pelo belga Arne Quinz, como um grito de afirmação porque “a partir de agora a cultura sempre invadirá este lugar”.

Depois de São Paulo, o próximo destino de Pottier é o Rio de Janeiro, onde o curador organizará em março uma “invasão criativa” na cidade.

“A cena criativa brasileira é uma das mais interessantes do mundo”, afirmou Pottier, acrescentando que “não há muitos países com tanta pulsação de criatividade e tantas aberturas de museus”. EFE

ag/cd

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