Lars Von Trier teme não conseguir fazer mais filmes após deixar as drogas

  • Por Agencia EFE
  • 29/11/2014 13h49
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Copenhague, 29 nov (EFE).- O diretor de cinema dinamarquês Lars von Trier confessou neste sábado em entrevista ao jornal “Politiken” que recorreu às drogas para escrever seus filmes e que, agora que as deixou , teme não ser capaz de continuar a fazer cinema.

Sua dependência da bebida começou com “Ondas do Destino” (1996) e, a partir de então, recorreu a um coquetel de uma garrafa diária de vodca e “uma droga euforizante” para escrever, confessou em sua primeira entrevista em três anos, após ser declarado “persona non grata” no Festival de Cannes por comentários polêmicos sobre Hitler.

“Não sei se poderei fazer mais filmes, e isso me atormenta. Por que o que vou fazer, se não, comigo?”, afirmou o cineasta, que confessou ter medo de que seus filmes não sejam suficientemente bons.

Von Trier participa de reuniões de Alcoólicos Anônimos e está a 90 dias sem tocar em nenhuma droga, mas sua maior preocupação é com os possíveis efeitos da sobriedade sobre sua capacidade criativa.

“Nenhuma expressão criativa com valor artístico foi criada nunca por ex-alcóolatras ou ex-adictos”, afirma.

O co-fundador do movimento Dogma assegurou por exemplo que “Dogville” (2003) foi escrito em 12 dias sob um estado de euforia contínua que o permitiu entrar em um “mundo paralelo” onde as ideias surgiam com fluência e onde se sentia seguro em tomar decisões.

“Ninfomaníaca” (2013), seu último filme, foi o primeira que escreveu sóbrio, e levou um ano e meio para fazê-lo.

“Está claro que o mundo paralelo custa, mas tive também muitas alegrias, como para todos os artistas que admirei que se lançaram em todo tipo de drogas de mudança de comportamento”, explica.

Von Trier afirmou que o álcool é “a melhor droga do mundo” e que a usou regularmente “contra os medos estúpidos que surgem o tempo todo, porque funciona com exatidão”, embora a longo prazo “o faça de forma negativa, infelizmente”.

O criador de filmes como “Dançando no Escuro” e “Os Idiotas” não dava entrevistas desde que em maio de 2011 foi envolvido em um escândalo durante a apresentação de “Melancolia” em Cannes, ao mostrar sua “compreensão” com Hitler como pessoa.

A organização de Cannes, o mesmo festival que o levou ao topo do cinema europeu, o declarou “persona non grata”.

A polêmica entrevista coletiva onde surgiu o escândalo foi a primeira que deu sóbrio, e isso fez com que se sentisse inseguro e que não se expressasse com clareza, afirma.

Sua “fascinação” por Hitler é semelhante a que pode ter por Hannibal Lecter, o sanguinário protagonista de “O silêncio dos Inocentes”, justificou agora o diretor dinamarquês, que aparece sentado, sem camisa e com o rosto e a cabeça completamente barbeados na capa de “Politiken”.

Apesar de suas dúvidas criativas, Von Trier admite que está estudando a ideia de rodar uma série de televisão em inglês, mas que por enquanto só tem o título: “The House that Jack Built” (A casa que Jack construiu). EFE

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