Nelson Sargento: 90 anos de um sambista de alta patente

  • Por Agencia Brasil
  • 22/07/2014 20h17
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<p> A experiência, a visão crítica, a alta patente no samba e muito talento incumbiram a <strong>Nelson Sargento</strong> a autoria da música “Agoniza, mas não morre”, considerada hino dos sambistas. Mas os 90 anos de Nelson Sargento dão mais que um samba. A trajetória na música, na literatura e nas artes são suficientes para vários carnavais. O bamba da Mangueira completa suas nove décadas no dia 25 de julho. Para celebrar a data, a <strong><a href="http://radios.ebc.com.br/nacionalrioam">Rádio Nacional do Rio de Janeiro</a></strong> (AM 1.130 kHz)  transmite na sexta-feira (25) um programa especial às 13h30 e 22h. Pela <strong><a href="http://radios.ebc.com.br/mecamrio">MEC AM Rio</a></strong> (AM 800 kHz), a edição vai ao ar às 15h e 20h. </p> <p> <em><strong>No vídeo abaixo, assista à entrevista exclusiva de Nelson Sargento para a apresentadora Luciana Barreto, da TV Brasil:</strong></em></p> <iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="330" src="http://www.ebc.com.br//www.youtube.com/embed/a173nu6yX3M?rel=0" width="640"></iframe> <p> Poderia ser uma roda de samba, mas são tantas curiosidades e atividades, que a emissora decidiu fazer um bate-papo entre Sargento e os apresentadores Adelzon Alves, do programa Adelzon, o amigo da madrugada; Rubem Confete, do Ponto do Samba; Amaury Santos, que comanda o microfone no Sintonia Rio; e Tiago Alves, do programa Armazém Cultural, da Rádio MEC AM Rio. Todos eles, intimamente ligados ao mundo do samba, conduziram uma conversa cheia de histórias, críticas e curiosidades com Nelson Sargento.</p> <p> <strong>História e influência</strong></p> <p> Nascido na na Praça XV do Rio de Janeiro, em 1924, e registrado como Nelson Mattos, “com dois tês”, como gosta de frisar, Sargento morou no Morro do Salgueiro até os 12 anos, quando se mudou com a mãe para a Mangueira. Lá, ele foi levado para o samba por seu padastro, Alfredo Português. Ao lado de Alfredo e Jamelão, Nelson compôs o clássico “Cântico a Natureza” – seu primeiro sucesso e samba enredo mangueirense de 1955. Pintor por profissão, Português ensinou o ofício a Sargento, mas as paredes para pintar não atraíam o jovem Nelson, que procurou o Exército para ter uma ocupação e garantir respeito na família. Atuou como militar de 1945 a 1949, e levou o apelido para o resto da vida.</p> <p> <em><strong>Navegue pelo infográfico abaixo e assista a vídeos que relatam o legado de Nelson Sargento:</strong></em></p> <p> <img class="alwaysThinglink" src="http://www.ebc.com.br//cdn.thinglink.me/api/image/548229426039488512/1024/10/scaletowidth#tl-548229426039488512;1043138249" style="max-width:100%" /></p> <script async="" charset="utf-8" src="http://www.ebc.com.br//cdn.thinglink.me/jse/embed.js"></script><p> “No espetáculo ‘Rosas de Ouro’ [do produtor Hermínio Bello de Carvalho], eu já tinha saído do Exército, e o que sabia era pintar parede e fazer samba. Entre a turma toda, já era conhecido como Sargento. E no livreto do espetáculo tinha minha foto e a descrição ‘Nelson Sargento’, daí ficou”, conta o sambista.<br />  </p> <div class="ckeditor-itvrp-image-box align-right"> <a href="http://www.ebc.com.br/sites/default/files/styles/large/public/makingofsargento5.jpg" title="Nelson Sargento na Rádio Nacional do Rio" rel="lightbox"><br /><div class="field field-name-field-imagem field-type-image field-label-hidden"> <div class="field-items"> <div class="field-item even"><img src="http://www.ebc.com.br/sites/default/files/styles/conteudo_ckeditor/public/makingofsargento5.jpg" width="300" height="225" alt="" /></div> </div> </div> <p></p></a><span class="legenda">O bamba da Mangueira faz aniversário nesta sexta-feira (25/7) e as rádios Nacional do Rio e MEC AM transmitem um especial com o artista (Foto: Marília Arrigoni/Rádios EBC)</span></div> <p> Em resumo, Nelson Sargento milita pelo samba desde os anos 1950, quando o gênero era marginalizado. “O rádio tocava samba. Mas era o cara do rádio que ia até o morro pegar o samba. Tinha vários locais do Rio que o pessoal do rádio ia para pegar a matéria prima”, lembra o comunicador Adelzon Alves.</p> <p> Rubem Confete também recorda o início de Nelson, de quem é amigo desde os anos 1960. “Foi uma trajetória muito difícil. O samba não era o que é hoje, era complicado. O Nelson foi persistente. Foi aquela formiguinha trabalhando dia a dia, e hoje é o presidente de honra da Mangueira – e com muita honra”, destaca Rubem, também verde-e-rosa.</p> <p> <strong>Relembre a participação de Sargento no Samba na Gamboa, da TV Brasil:</strong></p> <p> <a href="http://tvbrasil.ebc.com.br/sambanagamboa/episodio/a-mangueira-e-o-samba" target="_blank">A Mangueira e o samba</a></p> <p> <a href="http://tvbrasil.ebc.com.br/sambanagamboa/episodio/cem-anos-de-jamelao" target="_blank">Homenagem aos 100 anos de Jamelão</a></p> <p> Os dias de luta renderam músicas, cerca de 30 discos, reconhecimento até no Japão – onde gravou álbuns e tem uma legião de fãs – e shows antológicos, além de parceiros ilustres como Cartola, Carlos Marreta, Carlos Cachaça, Zé Keti, Paulinho da Viola e tantos outros. Junto de Viola, Keti e grandes músicos integrou os grupos “A Voz do Morro” e “Os Cinco Crioulos”. Também apresentou musicais ao lado de Clementina de Jesus, Nora Ney e Cyro Monteiro. Elizeth Cardoso e Beth Carvalho estão entre os muitos intérpretes das músicas de Nelson Sargento.</p> <p> <strong>Mais que um sambista</strong></p> <p> O sambista foi além da música e chegou às artes plásticas e à literatura. Com seus quadros realizou exposições pelo Brasil e também conquistou colecionadores. Enquanto escritor, lançou livros de poemas, de contos e de pensamentos. Até atuar em filmes, Nelson o fez com maestria. “Depois que filmei um curta metragem do Estevão Ciavatta, a Fernanda Montenegro me perguntou: ‘Você sabia que era ator?’ Imagina só!”, lembra Nelson.</p> <p> <strong>"Agoniza mas não morre"</strong></p> <p> Sobre "Agoniza mas não morre", há diversas interpretações para os versos da canção, que Adelzon e Confete classificam como de protesto e com uma filosofia em defesa do samba e da cultura negra.</p> <p> “Eu pensei o seguinte, desde que o samba se tornou profissional mesmo, você tem shows de samba rock, samba pop que empregam grande dinheiro, mas o samba em si não recebe dinheiro suficiente para fazer um grande espetáculo. Agora eu tenho medo de que quando o samba receber um dinheiro muito grande, ele suma. Então deixa como ele está”, explicou Sargento.</p> <p> Constam também nos versos “mudaram toda a sua estrutura, te impuseram outra cultura, e você nem percebeu” uma crítica ao tempo limitado nos desfiles das escolas de samba. “A escola tem que passar cinco mil pessoas em uma hora. Então o samba ficou rápido para botar todo mundo para andar”, disse o sambista, refletindo que o seu clássico “Cântico à natureza” teria que ter outra melodia para sair na avenida.</p> <p> “O progresso é destruidor. Tem uma coisa: ou você despreza o progresso ou se adapta para poder viver. Aconteceu muita mudança, A feijoada no samba foi banida. A caipirinha foi banida. É uma mudança de estrutura. Felizmente, a feijoada e a caipirinha voltaram para as escolas”, reflete bem-humorado.</p> <p> <strong>Acesse os especiais do Portal EBC:</strong></p> <p> <a href="http://conteudo.ebc.com.br/portal/projetos/2014/villalobos/index.html">Villa-Lobos: Alma Brasileira</a></p> <p> <a href="http://www.ebc.com.br/vinicius-100">Centenário de Vinícius de Moraes</a></p> <p> <a href="http://www.ebc.com.br/cronologia-do-golpe">1964: um golpe na democracia</a></p> <p> <a href="http://www.ebc.com.br/cultura/2013/08/dorival-caymmi-cinco-anos-sem-o-poeta-do-mar">Dorival Caymmi</a></p> <p> Questionado por Tiago Alves sobre o que seria necessário para um compositor tê-lo como parceiro em um samba enredo da Mangueira, Sargento é categórico: “As escolas de samba não podem abrir a porta para qualquer um fazer samba. Quem quiser fazer samba, tem que estar vinculado à escola”, enfatiza.</p> <p> Engana-se quem pensa que as nove décadas de vida tiraram a energia de Nelson. Até o fim de 2014, ele pretende lançar um livro com pensamentos tirados de sambas. “Estou recolhendo esses pensamentos. Olha esse que bonito: ‘A saudade é um punhal cravado no fundo do peito de quem ama’”, cita.</p> <p> Pelos 90 anos, ele deve fazer em agosto um show na Academia Brasileira de Letras, que pretende homenageá-lo. Já para 2015, a escola de samba Inocentes de Belford Roxo. “Se não subir, que ela caia!”, sentencia.</p> <p> <em><strong>Especial 90 anos Nelson Sargento</strong></em><br /><em>Dia 25 de julho</em><br /><em>Horário: às 13h30, na Nacional AM do Rio de Janeiro; e às 15h, na MEC AM Rio</em></p> <p> <img src="http://www.ebc.com.br/sites/default/files/nelson-sargento-divulgacao_0.jpg" style="max-width:100%" /></p> <p> <em><strong>Edição: </strong>Ana Elisa Santana</em></p>

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