Professor de São Paulo ganha o “Oscar dos quadrinhos”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/07/2018 10h34 - Atualizado em 22/07/2018 10h42
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Reprodução/Itiban Comic Shop/Marcelo D'Salete "Apesar das críticas positivas, meus livros anteriores não tinham chegado a um público muito amplo. Cumbe rompeu todas as expectativas", disse o autor

O quadrinista brasileiro Marcelo D’Salete venceu o Prêmio Eisner, considerado o ‘Oscar dos quadrinhos’, na categoria melhor publicação estrangeira nos Estados Unidos. Ele, que também é professor de Artes Plásticas do ensino básico público paulista, ganhou o prêmio pelo livro Cumbe, que narra histórias de africanos trazidos ao Brasil para trabalhar como escravos. Os resultados da 30.ª edição do Eisner foram anunciados na última sexta-feira, na ComicCon San Diego.

Cumbe (Run for It, Fantagraphics, 2017, traduzido por Andrea Rosenberg) saiu no Brasil pela editora Veneta, em 2014. Essa história partiu do mesmo projeto que resultou em Angola Janga (2017), outra aclamada obra de D’Salete: abordar conflitos, dramas e esperanças de escravos trazidos ao Brasil dos antigos reinos de Angola e Congo após uma extensa pesquisa, de mais de uma década. Em Cumbe, ele narra quatro histórias diferentes do ponto de vista dos escravos, que lutam contra o sistema que os oprime.

“As marcas de cada um desses africanos estão presentes em nossa história e cotidiano. Ainda lutamos pelo reconhecimento simbólico, cultural, econômico e político no Brasil (dos remanescentes quilombolas, dos territórios indígenas e do simples direito a vida de cada jovem de periferia). Os quadrinhos, a literatura, as artes são componentes essenciais para uma mudança estrutural”, escreveu Marcelo D’Salete em sua página pessoal do Facebook nesse sábado (21).

Veja a postagem completa:

Sobre o resultado da premiação do Eisner Awards 2018: Cumbe (Run for it) levou o prêmio como melhor edição estrangeira…

Publicado por Marcelo D'Salete em Sábado, 21 de julho de 2018

“Esse lançamento foi um momento de inflexão total na minha trajetória. Na época, pensava seriamente se continuava a produzir e publicar do mesmo modo. Apesar das críticas positivas, meus livros anteriores não tinham chegado a um público muito amplo. Cumbe rompeu todas as expectativas”, disse.

Mestre em história da arte pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Artes Plásticas na educação básica paulista, D’Salete se une a outros nomes brasileiros vencedores do prêmio, como Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Albuquerque.

Emil Ferris

A grande vencedora do Eisner de 2018 foi a americana Emil Ferris, que levou três prêmios, incluindo do de melhor escritor e artista. O livro vencedor, My Favorite Thing Is Monsters, deve sair no Brasil ainda este ano pela Companhia das Letras.

Com diversas categorias, o Eisner é entregue anualmente, desde 1988, na Comic Con San Diego. Frank Miller e Alan Moore também já venceram essa premiação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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