Autora de ‘365 Dias’ critica ‘50 Tons de Cinza’, fala de tabus sobre o sexo e dá detalhes de novo livro
Blanka Lipińska também falou sobre a escolha dos protagonistas para os filmes baseados na sua trilogia erótica e das suas experiências pessoais presentes nos livros
Autora do romance erótico mais popular da atualidade, Blanka Lipińska conquistou fãs ao redor do mundo falando abertamente sobre sexo em seus livros. A trilogia “365 Dias” conquistou tantos leitores que já ganhou dois filmes que estão disponíveis na Netflix e um terceiro longa baseado nos livros já está confirmado. Apesar das obras se enquadrarem no mesmo gênero de “50 Tons de Cinza”, Blanka desmentiu que se inspirou na saga de E. L. James. “Não acho ‘50 Tons de Cinza’ bom, quando li, pensei ‘quantos anos tem essa autora?’, porque é usada uma linguagem, ao meu ver, muito adolescente. Não sei se no livro original, em inglês, é assim também”, comentou Blanka, que é polonesa, em entrevista à Jovem Pan. A autora também não gostou da adaptação cinematográfica que fizeram da história, pois ficou decepcionada ao ver o ator Jamie Dornan no papel do misterioso Christian Grey.
“O Christian Grey é alto, forte e cheio de presença. Achei o ator pequeno e ele fica rindo a todo momento. Eu fiquei tipo: ‘O que está acontecendo nesse filme?’. Isso fez com que eu ficasse atenta na escolha do ator que fosse viver o Massimo. Não queria que os leitores se decepcionassem”, comentou a autora de “365 Dias”. No filme inspirado na obra da polonesa, o ator Michele Morrone é quem dá vida ao mafioso Massimo, já Anna-Maria Sieklucka assume o papel da diretora de vendas Laura. Ambos agradaram o público e, assim que o primeiro filme estreou na Netflix, eles conquistaram milhões de seguidores. Outro problema visto por Blanka na adaptação de “50 Tons de Cinza” são as cenas eróticas, pois, na visão dela, são fracas. Muito presente em seus livros, o tema sexo não é visto como um tabu para a autora.
“Acredito que as pessoas não falam abertamente sobre sexo por se tratar de um assunto muito pessoal. Acredito que exista o mesmo problema para falar de dinheiro, mas gostamos de falar de coisas boas e sexo é algo bom, dinheiro pode ser algo bom e ter orgulho de você é algo legal. No meu país, por exemplo, se você fala que tem orgulho de si mesmo, você é visto como rude, como se você tivesse um ego imenso”, contou Blanka, que muitas vezes sente que sua obra é subestimada por se tratar um romance erótico. “Tem pessoas que questionam como posso ter milhões com um livro como ‘365 Dias’. A resposta é simples: é um entretenimento. As pessoas escolhem o que querem ler. Não me importo com tabus, porque sei que é quase impossível eles deixarem de existir, mas espero que as pessoas abram suas mentes para aceitar as escolhas dos outros. É só aceitar e tudo ficará bem.”
Apesar de ter que lidar com algumas críticas, Blanka também recebe muito carinho e sentiu o poder da sua história na recente visita ao Brasil. A autora participou da Bienal do Livro, em São Paulo, a convite da Buzz Editora, responsável por lançar os dois primeiros livros da trilogia “365 Dias” no país. “Ainda não me dei conta de que sou tão popular. Talvez na Polônia eu seja, mas ainda sou uma mulher normal que, às vezes, se questiona: por que essas pessoas querer tirar foto comigo? Por que elas dizem que me amam e que eu mudei a vida delas? Sinto que sou só a Blaka, mas, na verdade, para essas pessoas eu sou a Blanka Lipińska. É estranho, mas ao mesmo tempo é um grande prazer. Nas redes sociais, recebo mensagens em português, não entendo (risos), mas os melhores fãs e os maiores fã-clubes que tenho são do Brasil”, falou.
Experiências pessoais nos livros
Ao escrever suas histórias, Blanka disse que coloca experiências pessoais e fantasias que acredita que não são apenas dela, mas de várias mulheres. No primeiro livro, assim como no filme, Laura começa namorando com Martin, personagem que foi inspirado em um ex-namorado da autora. “A cena do aniversário é exatamente igual à cena do meu aniversário na Sicília”, revelou Blanka. Na trama, a protagonista se sente envergonhada pelas atitudes do então namorado durante a festa. Em “365 Dias”, Laura é sequestrada por Massimo, que a princípio nutre uma paixão platônica e estabelece o período de um ano para ela se apaixonar por ele. Se nesse tempo ela não se apaixonar, o mafioso promete soltá-la. “Não tive medo dos leitores rejeitarem o Massimo por isso. O foco não é o sequestro, mas ela conseguir se apaixonar por ele”, disse Blanka, que já trabalha em um novo romance erótico no qual a protagonista, uma escritora, vai se apaixonar por um famoso guitarrista também inspirado em um ex-namorado. “Talvez seja lançado no próximo ano porque está todo mundo me cobrando, até meus pais”, concluiu aos risos.
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