Jornalista é demitida da Record e diz que foi vítima de machismo e tortura psicológica

Mariana Martins, que apresentou o ‘Balanço Geral’ em Goiás, contou que a emissora queria ela mudasse sua postura nas redes sociais para aumentar a audiência

  • Por Jovem Pan
  • 26/05/2021 11h54 - Atualizado em 26/05/2021 15h50
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Reprodução/Instagram/marianamartins.tv/26.05.2021 Mariana Martins olhando para o horizonte e o logo da Record no fundo Mariana Martins falou que sofreu constrangimentos da Record TV

A jornalista Mariana Martins, que apresentava a edição matinal do “Balanço Geral” em Goiás, foi demitida da Record TV na última terça-feira, 25. Após seu desligamento, ela postou um vídeo nas redes sociais contando que sofreu “tortura psicológica” na emissora e relatou casos de machismo. A apresentadora começou o vídeo dizendo que a Record não informou o motivo da sua demissão, mas ela sabe o que pode ter acontecido. “A pressão pela audiência não pode maltratar e nem coagir o funcionário. Eu vivi várias situações de constrangimento em que deixaram claro para mim que queriam me transformar em uma outra pessoa, numa pessoa que não sou. Eu trabalhei na TV Anhanguera, afiliada da Globo, por quase oito anos, me levaram para a Record com a proposta de um projeto novo e fui muito feliz, mas de um tempo para cá, eu comecei a viver umas situações difíceis, de constrangimento, a última delas, e a mais grave, aconteceu no último dia 4 [de maio]”, falou.

Na ocasião, Mariana participou de uma reunião com várias pessoas da emissora e foram apresentados os números de ibope. “Mostraram que o nosso jornal perdeu audiência, a emissora de forma geral perdeu público C, o alvo da Record, e ganhou público AB, que [sempre] migra muito. A Record quer recuperar essa audiência, esse público C”, contou. Segundo a jornalista, começaram a relacionar a perda de audiência a sua postura nas redes sociais. “Colocaram fotos minhas na presença de várias pessoas, me constrangendo de uma forma absurda. Colocaram fotos de biquíni e fotos de viagens dizendo que eu tinha que transformar meu Instagram em outro para falar a língua desse público, pois as fotos estavam muito bonitas. Cheguei a ouvir de uma gerente, que é mulher, que meu jeito de andar talvez não era o certo e que ela achava que eu sensualizava um pouco na hora de falar. Eu sensualizar num jornal? Não sensualizo nem aqui [no Instagram]”, enfatizou.

Mariana afirmou ainda que “as situações de constrangimento, preconceito e machismo foram inúmeras” e que chegaram a mostrar para ela a rede social de uma jornalista de São Paulo como exemplo de como ela deveria se portar nas redes sociais. “Não é porque eu viajei e postei uma foto de biquíni que eu sou menos jornalista por isso, meu papel está bem feito no jornal”, afirmou a apresentadora, que acrescentou que no contrato que assinou com a Record não disse que a emissora poderua gerir as redes sociais dela. No fim do vídeo, a jornalista se emocionou e falou que estava expondo tudo o que passou para deixar claro que uma mulher não pode ser diminuída por uma questão física. “Não é esse preconceito e esse machismo que vão diminuir a história que eu construí. Eu sei o meu valor”, concluiu.

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