Sombras da realidade: a jornada de Elisa em ‘Ninguém Sai Vivo Daqui’
Um mergulho profundo na crueldade dos hospitais psiquiátricos brasileiros dos anos 70, revelando histórias de dor e resistência, chega aos cinemas brasileiros no dia 11 de julho
Baseado na obra impactante da jornalista Daniela Arbex, “Holocausto Brasileiro”, o filme “Ninguém Sai Vivo Daqui” nos transporta para um dos capítulos mais sombrios da história brasileira. Sob a direção de André Ristum, o longa chega às telonas brasileiras no dia 11 de julho, prometendo não deixar ninguém indiferente. A narrativa acompanha Elisa, interpretada de forma magistral por Fernanda Marques. Nos anos 70, a jovem, grávida do namorado, é internada à força no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG), pelo próprio pai. A partir desse ponto, somos conduzidos por uma espiral de dor e resistência que desnuda as atrocidades cometidas dentro daquela instituição.
Ristum, que co-assina o roteiro com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo, traz uma abordagem diferenciada à história. Enquanto a série “Colônia” desbrava os horrores de forma gradual, o filme opta por um impacto mais imediato e visceral. “No filme, as coisas são mais concentradas. A gente chega nos pontos mais fortes bem mais rapidamente,” explica o diretor. Esta escolha narrativa torna “Ninguém Sai Vivo Daqui” uma experiência única, carregada de cenas exclusivas que ampliam ainda mais a intensidade do enredo.
A pesquisa minuciosa de Ristum, que envolveu visitas ao atual Colônia em Barbacena, consultas com psiquiatras e análise de fotos históricas, confere uma autenticidade angustiante ao filme. As personagens, embora ficcionais, encontram raízes profundas nas figuras reais que sofreram naquele local. Essa conexão entre ficção e realidade é um dos pontos mais fortes do longa, que não se furta em discutir temas ainda tão atuais, como a condição dos hospitais psiquiátricos no Brasil. Visualmente, a decisão de filmar em preto e branco, tomada em conjunto com o diretor de fotografia Hélcio Alemão Nagamine, acrescenta uma camada extra de desolação ao cenário. “O preto e branco é um personagem no filme,” diz Ristum, sublinhando a ausência de qualquer brilho na vida daquelas pessoas.
O filme se destaca como uma obra corajosa que desafia as convenções e se afirma com força nos festivais de cinema. Após sua estreia no Festival de Brasília de 2023 e exibição no Festival de Talin, na Estônia, o filme se mostra como uma obra indispensável para aqueles que buscam compreender os aspectos mais sombrios e negligenciados da nossa história.
“Ninguém Sai Vivo Daqui” não é apenas um filme; é um convite para refletirmos sobre um passado doloroso e, ao mesmo tempo, uma denúncia necessária sobre questões que ainda ecoam na sociedade contemporânea. Com uma direção firme, atuações memoráveis e uma narrativa impactante, Ristum nos entrega uma obra que permanecerá viva na memória do público. O filme é distribuido pela Gullane+ e chega aos cinemas nessa quinta-feira, 11 de julho.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.