Com entrevista tensa, Felipão rebate críticas um dia após trágico 7 a 1

  • Por Agencia EFE
  • 09/07/2014 16h17

Teresópolis, 9 jul (EFE).- Em entrevista coletiva tensa, o técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari afirmou que só pensará no futuro após disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo, e ainda comprou briga com o futuro vice-presidente da CBF, Delfim Peixoto, que o teria criticado.

“Tenho compromisso com a CBF até o final do Mundial. O final do Mundial é o jogo de sábado. Não vamos discutir o futuro, em hipótese alguma, antes disso. Depois nós vamos conversar, dar relatório total de tudo o que foi feito, de como foi feito”, disse o treinador na Granja Comary, em Teresópolis.

Felipão exaltou as condições oferecidas para a preparação para a Copa do Mundo, garantiu que recebeu palavras de apoio do presidente José Maria Marin, mas se irritou ao ser perguntado sobre as declarações de Delfim Peixoto, eleito na chapa de Marco Polo Del Nero e presidente da Federação Catarinense, que disse ao site da “ESPN” defender a saída do técnico.

“O único título que Santa Catarina ganhou fui eu quem deu. Ele tem é que se ajoelhar e pedir benção para mim. Eu não vou discutir com presidente da federação tal, ou coisa e tal. Ele fala o que achar melhor”, afirmou, referindo-se à conquista da Copa do Brasil pelo Criciúma em 1991, quando comandava o time.

Questionado sobre a equipe que entrou em campo ontem não ter treinado, Felipão discordou. Ontem, o técnico admitiu que utilizou duas formações distintas à do jogo, para tentar “confundir” os adversários e os jornalistas.

“São 28 jogos (desde que o técnico assumiu a seleção) em que eu treinei a equipe. Ele (Bernard) sabia perfeitamente como nós iríamos jogar. Se nós usamos a imprensa, eu peço desculpa, vocês não nos usam nunca”, disparou, com ironia.

Coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira fez várias intervenções durante a coletiva e disse que não mudaria o discurso adotado antes do início da Copa do Mundo, em que garantia que o título seria conquistado pelo Brasil e que esta era uma obrigação dos anfitriões.

“A visão é a mesma de anteriormente. Positiva, otimista, de quem está jogando em casa, da cultura e a história do futebol pentacampeão do mundo. Era obrigação nossa sermos otimistas e acreditarmos na nossa competência, no nosso trabalho”, afirmou o técnico da conquista do tetra.

Parreira também relatou existir um problema de formação de atletas no país, mas eximiu a CBF de culpa, garantindo que a entidade não é responsável pela formação de atletas e que os recebe prontos. Por outro lado, citou o modelo alemão, que é franqueado pela federação do país, como ideal.

“Eles (alemães) têm 21 associações de futebol que formam jogadores. Eles não tem um centro de treinamento como o nosso, eles têm 25. O resultado tá aí, em todas as competições em que estiveram envolvidos, foram até as semifinais”, afirmou.

“Nós temos essa oportunidade de rever e investir na melhor formação de treinadores e jogadores para voltarmos a ser de ponta”, completou o experiente coordenador da seleção.

Felipão, por sua vez, exaltou o trabalho feito pela administração do presidente da CBF, José Maria Marin. Segundo o técnico, a entidade está iniciando uma jornada pela reformulação do futebol brasileiro.

“Já temos trabalho de base sendo feito pela CBF, trabalho junto a jovens treinadores e técnicos de base da seleção. Deve dar frutos no futuro e está sendo feito na administração do Marin, que mudou muito a ideia da base. Mas é longo o trabalho”, garantiu o técnico.

Assim como fez ontem, Felipão creditou a goleada por 7 a 1 a “seis minutos de pane geral”, em referência ao tempo necessário para os alemães marcarem do segundo ao quinto gol, ainda na etapa inicial da partida.

“Até os 10 minutos, o jogo estava normal, com boa qualidade nossa. Aí tomamos o primeiro gol de bola parada em vinte e poucos jogos. Tomamos o segundo, saímos a bola e tomamos o terceiro. É uma pane geral. Não adianta. Se me perguntar se a pane foi da comissão técnica, do torcedor, eu digo que a pane foi geral”, afirmou.

Por último, Felipão, que concedeu entrevista com toda a comissão técnica da seleção brasileira, defendeu o elenco, afirmando que todos precisarão de apoio, pois serão a base para a disputa da Copa de 2018, que será disputada na Rússia.

“Eles chegaram a uma Copa das Confederações e ganharam, aqui chegaram às semifinais. Claro que o resultado de ontem entra para a história, mas não vamos ficar batendo nisso com os jogadores”, disse o treinador.

A seleção brasileira não fará treino no campo nesta quarta-feira. Os jogadores realizarão atividade regenerativa. Daqui a dois dias haverá o embarque para Brasília, onde no sábado será disputado o terceiro lugar. EFE

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