Brasileiro que jogou Copa de 98 pela Bélgica prefere Neymar a Hazard e torce pelo hexa na Rússia
São mais de 30 anos vivendo no exterior, atuando dentro e fora de campo em países como Bélgica, Itália e Malta. Porém, o coração de Luis Airton Barroso Oliveira, que ficou conhecido no mundo do futebol como “Oliverrá”, estará sempre com o Brasil. Primeiro, e único, brasileiro a disputar uma Copa do Mundo defendendo a Bélgica, o ex-atacante não pensa duas vezes ao apontar seu escolhido para o confronto desta sexta-feira (6), muito menos na hora de escolher seu preferido no duelo Neymar x Hazard.
“Meu coração é mais brasileiro do que belga. A Bélgica me deu muito, mas a minha pátria é o Brasil. Para mim, o time está jogando muito bem. Nas primeiras partidas, estava um pouco lento, o que dificultava o estilo de jogo brasileiro, que é mais rápido. Agora, a bola está chegando no Neymar, que é um grande jogador, extraordinário, e que pode fazer a diferença”, garante ele, em entrevista exclusiva para a Jovem Pan.
Para Oliveira, o camisa 10 de Tite ainda está atrás de jogadores como Messi e Cristiano Ronaldo – apontado por ele como o melhor do mundo-, mas tem muito espaço para crescer e deve ocupar o posto de maior craque do planeta em pouco tempo.
sobre o duelo entre brasileiros e belgas, o ex-jogador afirma que os pentacampeões chegam mais preparados e que tem uma grande oportunidade de apagar a “vergonha” do 7 a 1 de 2014: “Aquilo foi uma decepção muito grande, para todos nós. Agora, é o momento da nossa Seleção. Não será fácil, pois o adversário é forte e conta com jogadores importantes, mas penso que vamos ganhar e que a Bélgica voltará para casa”.
Conexão Maranhão – Bruxelas
Natural de São Luis (MA), Oliveira deixou o Brasil muito cedo para jogar no Anderlecht, da Bélgica. Lá, se profissionalizou e conquistou títulos, o que lhe rendeu uma transferência para o futebol italiano, de onde nunca mais saiu. Ele lembra que, quando recebeu a oportunidade de se naturalizar, acabou entristecendo o pai.
“Lembro que quando estava acertando os detalhes, o técnico da Seleção Brasileira, que na época era o Paulo Roberto Falcão, entrou em contato comigo e me disse que eu seria convocado. Porém, eu respondi para eles que já era tarde demais. Na Bélgica, eu teria mais chances de jogar, pois a concorrência era menor. Infelizmente, acabei chateando o meu pai, que sempre teve o sonho de me ver jogando com a camisa do Brasil. Ele ficou muito zangado e decepcionado”, recorda.
Ao todo, foram 31 partidas com os “Diabos Vermelhos” e oito gols anotados. O principal momento? A participação na Copa do Mundo de 1998, de onde os belgas foram eliminados após três empates na fase de grupos, contra Holanda (0 a 0), México (2 a 2) e Coreia do Sul (1 a 1).
“O sentimento de participar de um evento muito importante como a Copa do Mundo, para mim, é extraordinário. Por que, quando eu sai do Brasil, jamais pensava em disputar um mundial. É o sonho de todo jogador. Infelizmente, não conseguimos avançara para a próxima fase”, lamenta Oliveira.
Futuro no Brasil?
Após pendurar as chuteiras, Oliveira passou para a lateral dos gramados e foi tentar a sorte como treinador. Depois de trabalhar em equipes de menor expressão na Itália e em Malta, o ex-atacante está sem clube e não descarta um retorno ao país de origem. Pelo menos, seria uma boa oportunidade para voltar a falar português.
“Para mim, o importante é trabalhar. Se tiver a oportunidade de voltar ao Brasil, melhor ainda. Como já estou há quase 35 anos fora, perdi o sotaque brasileiro e é muito difícil conversar em português. Acabo misturando as línguas que conheço e preciso parar e pensar nas palavras antes de falar. Às vezes, minha mãe e meus irmãos, que ainda moram no Maranhão, brincam comigo: ‘o que você está falando, menino? Que língua é essa?’. Então, será muito bom para mim se puder voltar”, finaliza.
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