Rússia de Akinfeev se defende bem e elimina a Espanha nos pênaltis
Muitos espanhóis devem ter comemorado a classificação em primeiro na fase de grupo e o chaveamento teoricamente mais fácil na Copa do Mundo. Mas faltou combinar com os russos… A forte seleção da Espanha tocou, tocou e até conseguiu chutar ao gol da Rússia eventualmente. Mas os donos da casa foram mais efetivos e aguerridos, seguraram o empate em 1 a 1 e eliminaram La Roja nos pênaltis (por 4 a 3), para o delírio dos torcedores russos que lotaram o Estádio Lujniki, em Moscou, que será palco da final do mundial. Os espanhóis Koke e Aspas erraram as cobranças, defendidas pelo goleiro Igor Akinfeev.
Desacreditada antes do mundial, mas agora classificada para as quartas de final, a Rússia enfrentará a Croácia, que também eliminou a Dinamarca nos pênaltis. Já a Espanha volta para casa na segunda Copa em que decepciona após seu único título em 2010 – no Brasil, em 2014, os ibéricos foram eliminados ainda na fase de grupos.
O jogo não foi bonito e teve uma Espanha esforçada, mas sem efetividade, tocando muito a bola no meio de campo, porém sem conseguir furar a linha de cinco defensores russos – mais o resto do time, que apostou no contra-ataque e chegou a ameaçar neste quesito. Em uma partida com poucas oportunidades, os dois gols foram achados no primeiro tempo: o da Espanha logo no começo, um gol contra de Ignashevich, e o empate russo aos 40 minutos em um pênalti bobo cometido por Piqué e bem convertido por Dzyuba. O time da casa segurou bem o empate e contou com o brilho do goleiro do CSKA Moscou, que defendeu dois pênaltis, para chegar mais longe do que imaginava na Copa que sedia.
A partida
O jogo começou morno, com a Espanha tocando a bola e estudando o adversário, enquanto a Rússia apostava na velocidade do contra-ataque.
Mas, na primeira grande chance de gol, aos 11 minutos, La Roja abriu o placar. E com a ajuda do zagueiro russo Ignashevich, que agarrou Sérgio Ramos na pequena área, durante cruzamento de Asensio em uma cobrança de falta, e viu a bola caprichosamente bater em seu tornozelo e entrar no gol de Akinfeev, abrindo o placar para a Espanha: 1 a 0.
Após começar atrás do placar, os donas da casa tentaram sair mais para o jogo e arriscaram chutes sem perigo de média distância, porém a habilidade espanhola no toque de bola logo se sobrepôs e a Rússia voltou a colocar suas fichas no contragolpe.
Apenas aos 35 minutos do primeiro tempo os russos tiveram sua primeira grande chance. Depois de carregar com habilidade a bola para o ataque, Golovin recebeu de volta com liberdade na entrada esquerda da área, pensou, cortou para o pé direito e chutou forte no canto, mas errou o alvo.
O lance empolgou a Rússia, que começou a arriscar mais jogadas ofensivas, acionando também o lateral direito brasileiro naturalizado, Mário Fernandes. Aos 39, a pressão logo deu certo. Após escanteio, Piqué esticou demais o braço esquerdo, que interrompeu cabeceio do atacante russo Artem Dzyuba, do Zenit. Pênalti bem convertido pelo próprio Dzyuba, que tirou De Gea da foto chutando no esquerdo do goleiro espanhol. Tudo igual, 1 a 1, para a euforia do torcedor em Moscou.
Depois de sofrer o empate, a Espanha ainda tentou acelerar o até então sonolento e conformado toque de bola lateral na intermediária para criar mais oportunidades. Diego Costa, que pouco apareceu em meio à linha de defensores russos, conseguiu receber uma boa bola em profundidade, por trás da zaga, aos 45, e chutou, mas Akinfeev saiu rápido para fechar o ângulo e desviar. O primeiro tempo terminou empatado com justiça, já que o time ibérico se conformou com o gol marcado logo no começo e a Rússia ameaçou mais no contra-ataque.
A segunda etapa iniciou não muito diferente da primeira: a Espanha tocando a bola e buscando se infiltrar na bem postada defesa russa e o time da casa tentando subir a marcação para surpreender na roubada de bola e sair em velocidade. Já no primeiro minuto, Asensio conseguiu bom cruzamento dentro da área e a bola sobrou para o lateral esquerdo Alba, que, não conseguindo armar o chute, finalizou para o gol de coxa, mas a bola veio fraca para a defesa do goleirão russo que defende o CSKA Moscou.
Mas La Fúria novamente mostrava dificuldade de furar a dura marcação russa e os toques na intermediária tinham pouca efetividade, mesmo após a entrada do esforçado veterano Iniesta, que, apenas aos 39 minutos, quase fez o gol em belo chute de primeira da entrada da área, que exigiu bela defesa de Akinfeev. No rebote, Aspas chutou cruzado, mas o goleirão russo espalmou de novo. Tudo igual nos primeiros 90 minutos mais acréscimos.
Na primeira prorrogação da Copa, a Espanha se esforçava no campo de ataque, mas sem efetividade. Apenas aos três minutos da segunda etapa do tempo extra, uma boa chance de gol. O atacante brasileiro naturalizado espanhol, Rodrigo, partiu com velocidade pela direita, pedalou, abriu para o pé direito e chutou cruzado, exigindo mais uma boa defesa de Akinfeev, que, apesar de pouco exigido, se consagrava como um dos nomes do jogo.
Aos nove minutos, os espanhóis reclamaram muito quando Sérgio Ramos e Piqué foram agarrados na área, mas o juiz holandês Bjorn Kuiper não viu pênalti no lance e, ouvindo a opinião do árbitro de vídeo pelo ponto eletrônico, nem precisou rever o lance para mandar o jogo seguir. A decisão das oitavas nos pênaltis se tornou inevitável.
Pênaltis
O craque Andrés Iniesta, que aos 34 anos deve ter disputado seu último mundial, bateu com tranquilidade, deslocou Akinfeev tirando-o da foto e abriu o placar das penalidades máximas. 1 a 0 para a Espanha. Smolov bateu forte no canto direito de De Gea, que acertou o lado, pulou bem e tocou na bola, mas não evitou o empate. 1 a 1. O zagueiro Piqué chutou bem, forte e no canto, para deslocar Akinfeev: 2 a 1. Ignashevich, que tinha feito o gol contra, bateu bem: 2 a 2. O meia Koke chutou mal e Akinfeev defendeu, colocando a Rússia em vantagem. Ainda 2 a 2.
Golovin chutou forte no meio e colocou a Rússia na frente: 3 a 2. Sérgio Ramos bateu bem: 3 a 3. Cheryshev manteve o padrão e fuzilou o meio do gol: 4 a 3 para a Rússia. O atacante Iago Aspas, do Celta del Vigo, que entrou durante o jogo, tentou imitar a dose e se deu mal, eliminando a Espanha. Aspas chutou no meio e Akinfeev, que já tinha caído para o lado direito, esticou o pé esquerdo para defender, se consagrar como herói do jogo e classificar a seleção do país que sedia o mundial, que nem precisou bater o último pênalti. 4 a 3.
Mais uma campeã vai para a casa. E vai faltar vodka para toda a comemoração devida à surpreendente, suada e heroica classificação que já dá à Rússia seu melhor desempenho em Copas do Mundo.
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