Em protesto contra Copa, movimento social cria torneio alternativo em favelas

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2014 18h55
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Rio de Janeiro, 14 mai (EFE).- Um movimento social criou uma competição alternativa à Copa do Mundo nas favelas do Rio de Janeiro em protesto contra os investimentos que julgam desnecessários em estádios e infraestrutura, além da utilização do futebol como um negócio.

“A Copa é uma desculpa a mais para seguir com o modelo de funcionamento da cidade”, afirmou em entrevista coletiva Mario Campagnani, membro do Comitê Popular da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, movimento que defende os afetados pela organização desses eventos esportivos.

Campagnani pôs como exemplo dos efeitos perversos do modelo de negócio do Mundial os desalojamentos de família em algumas favelas do país para a realização de obras de infraestrutura ou de estádios.

A Copa alternativa começou há duas semanas com um amistoso na favela Santa Marta, no bairro de Botafogo, na zona sul da capital fluminense, embora os organizadores ainda não saibam quantas equipes participarão, nem qual será a fórmula de disputa.

Todas as equipes, criadas especialmente para a competição, são formadas por amadores Todas as partidas serão amistosas e não há dinheiro envolvido. Está previsto que a final seja disputada no começo de junho no Morro da Providência, favela mais antiga do Brasil, no centro do Rio.

Essa comunidade é uma das que sofreu desalojamentos para a construção de um teleférico, um projeto que compõe os planos de modernização da zona portuária para os Jogos Olímpicos.

“Utilizam todo tipo de desculpas para fazer uma cidade sob medida para os ricos e expulsar os moradores das favelas de suas casas, como por exemplo os supostos problemas ambientais e os Jogos Olímpicos de 2016”, afirmou Campagnani.

“Se todos os políticos e empresas utilizam a Copa para benefício próprio, os cidadãos também têm que ter o direito de fazer isso, e não podem ser criminalizados por isso”, reivindicou o ativista, em declarações à Agência Efe.

O Comitê Popular da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos é uma iniciativa impulsionada por vários movimentos sociais, como Justiça Global, sem fins lucrativos, que pretende “protestar contra o fato de fazer negócio com as cidades e com os espaços públicos”, segundo Campagnani.

Os representantes do comitê estarão presentes nesta quinta-feira em uma manifestação contra a Fifa e a organização do Mundial. Além disso, eles estão preparando um grande protesto para o dia da abertura da Copa (12 de junho), “para mostrar ao mundo a rejeição dos cidadãos a este evento”. EFE

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