Delegado que investiga morte de torcedora do Palmeiras dá detalhes sobre novos depoimentos: ‘Caso complexo’

‘Todos foram muito enfáticos em dizer que é o torcedor de boné amarelo’, disse César Saad em entrevista ao Morning Show

  • Por Jovem Pan
  • 12/07/2023 12h42
Reprodução/Jovem Pan News César Saad no programa Morning Show César Saad esteve na edição do Morning Show desta quarta-feira, 12

Nesta quarta-feira, 12, o programa Morning Show recebeu o delegado César Saad, responsável pela investigação da morte da palmeirense Gabriela Anelli em clássico entre Palmeiras e Flamengo. Em entrevista, ele afirmou que chegou à prisão de torcedor flamenguista após junção de depoimentos de testemunhas que estavam próximas à torcedora atingida pelo vidro na ocasião. “Gostaria de vir aqui para outro assunto, mas é um tema muito triste, me solidarizo bastante, conversei bastante com os pais dela. A gente acompanhou a dinâmica dos fatos. É um caso complexo e confuso, temos imagens de câmeras de celular que na verdade não mostram a dinâmica dos fatos. A qualidade das imagens impede até, já tentamos reconhecimento facial de outras pessoas”, justificou. “O que temos no inquérito policial que serviu para documento de provas da prisão dele é o depoimento de testemunhas que estavam ao lado de Gabriela e que viram ele, o autor, arremessando as garrafas. O que chamou muito atenção é que ele estava de boné amarelo, todos foram muito enfáticos em dizer que é o torcedor de boné amarelo. Uma nova testemunha prestou depoimento onde ele afirma categoricamente: ‘Eu vi o rapaz de boné amarelo atirando coisas’”, detalhou.

Segundo o delegado, o crime cometido na área externa do Allianz Parque não foi protagonizado por torcidas organizadas. Saad ainda ressaltou que, se fosse o caso, os torcedores seriam escoltados pela polícia em caravanas. “Fizemos São Paulo x Vasco e Palmeiras x Botafogo com duas torcidas. Essa briga não foi uma briga de torcida organizada. A questão da violência está tão banalizada, as caravanas chegam com escolta da Polícia Militar. Eram torcedores comuns. Gente com camisa de torcida organizada tinha, mas não era briga de torcida organizada”, afirmou. “A briga de torcida organizada é muito maior, fica claro os torcedores discutindo frente a frente [nos vídeos]. O que a gente precisa é de um endurecimento das leis. Se a gente tem leis mais fortes, a polícia trabalha com isso”, concluiu.

Como opinião pessoal, César Saad não defende a adoção de torcida única em clássicos nacionais. O delegado afirma que a política adotada no Estado traz benefícios, como mais famílias nos estádios, mas que a polícia teria competência para organizar jogos com duas torcidas. “Há alguns anos o Estado de São Paulo adota nos clássicos estaduais a torcida única. (…) Obviamente que isso traz benefícios no seguinte sentido: famílias, crianças e pessoas vão mais aos estádios do que se fossem duas torcidas. Às vezes a gente vê comentários: “Isso mostra o enfraquecimento do Estado”. A polícia de São Paulo tem total condição de fazer um jogo com duas torcidas. A pergunta que fica é: vale a pena? Pergunta para os torcedores se tivessem duas torcidas se eles trariam sua família. O questionamento que fica é esse”, disse.

“A condição da segurança tem, mas vale a pena empenhar mais homens da polícia? Aqui em São Paulo a gente toma essa cautela, todos os jogos têm reuniões com as polícias. Amanhã [no clássico Palmeiras x São Paulo], o torcedor sai de casa e sabe que pode pegar o metrô com a família dele usando a camisa do Palmeiras. Ele pode ir para uma estação de trem… Quando você tem duas torcidas, o torcedor já fica receoso nesse sentido”, pontuou.

Confira na íntegra a entrevista com César Saad:

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