Por racismo a Balotelli, Hellas Verona terá que jogar com parte da arquibancada fechada
Apenas dois dias depois da polêmica, o Tribunal Disciplinar do Campeonato Italiano anunciou nesta terça-feira (5) uma punição ao Verona após as atitudes racistas de parte de sua torcida no último final de semana contra o atacante Mario Balotelli, do Brescia. O clube terá de jogar o próximo compromisso em casa – contra a Fiorentina, no próximo dia 24 – com um setor das arquibancadas do estádio Marcantonio Bentegodi fechado.
Quem também atacou Balotelli foi o líder dos ultras do Verona, parte mais violenta da torcida. Luca Castellini criticou o fato do rival ter chutado a bola em direção às arquibancadas e ter ameaçado deixar o gramado. O torcedor ainda defendeu a atitude de parte dos espectadores e chegou a dizer que o polêmico atacante do Brescia não é um “italiano de verdade”.
“Tem cidadania italiana, mas não é de todo italiano. Ouviu esses coros somente na cabeça dele. Temos uma cultura de identidade, somos uma torcida irreverente”, tentou argumentar em entrevista ao programa Radio Cafè. “Zombamos do jogador careca, daqueles com cabelos grandes, os do Sul, e os de cor… Mas não fazemos isso com instinto político ou racista. Isso que o Balotelli fez é uma palhaçada”.
🇮🇹 This is one of the most disturbing videos I've ever watched. Verona fans waiting for Mario Balotelli to touch the ball so they can racially abuse him with monkey noises.
I still can't believe we're witnessing stuff like this in 2019. Absolutely disgusting. pic.twitter.com/LnfVBCvPgx
— FutbolBible (@FutbolBible) November 4, 2019
Filho de pais ganeses, Balotelli nasceu em Palermo, na Itália, e acabou adotado por uma família italiana aos três anos de idade. Ativista na luta contra o racismo, o jogador respondeu aos ataques em sua conta em uma rede social. “Chefe dos ultras do Verona… Cartellini. Aqui, meus amigos, não é mais sobre o futebol… Está insinuando sobre situações sociais e históricas maiores do que você. Você é muito baixo”.
O centroavante ainda lembrou que quando fazia gols pela seleção italiana ninguém questionava a sua origem ou a cor de sua pele. “Acorde, ignorante. Você é a ruína. Mas quando Mario fazia, e garanto, fará ainda gol pela Itália, está bem, certo?”, completou.
Como reação às declarações contra Balotelli, Castelini foi banido pela diretoria do clube de entrar no estádio do time pelos próximos 11 anos. “O Hellas Verona FC anuncia que adotou uma medida de desqualificação contra Luca Castellini que, proporcional à gravidade dos fatos, à luz do disposto nos artigos 6 e 7 do Código de Comportamento, por se tratar de um comportamento baseado em considerações e expressões seriamente contrárias àquelas que distinguem os princípios e valores éticos do nosso clube, prevê a suspensão do Sr. Luca Castellini pelo Hellas Verona FC até 30 de junho de 2030”, disse a nota oficial do clube.
O episódio de racismo contra Balotelli foi o quarto caso do tipo somente na atual temporada. Lukaku, da Inter de Milão, o brasileiro Dalbert, da Fiorentina, e Kessié, do Milan, foram alvos de ofensas nos últimos meses. O incidente com Kessié, inclusive, aconteceu justamente em um duelo contra o Verona. Na temporada passada, Moise Kean, hoje no Everton, e Koulibaly, do Napoli, também foram sofreram abusos racistas.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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