Patrimônio de SP, Pacaembu faz 80 anos como palco da luta contra Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2020 13h36 - Atualizado em 26/04/2020 13h37
Mister Shadow/Estadão Conteúdo O Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho se tornou um hospital de campanha durante a pandemia do novo coronavírus

Sem receber uma partida oficial desde 29 de fevereiro, o Estádio Paulo Machado de Carvalho, conhecido popularmente como Pacaembu, completa 80 anos da sua inauguração na próxima segunda-feira (27), até mais ativo do que anteriormente. Afinal, teve sua estrutura transformada em hospital para ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus.

Foi, aliás, o primeiro hospital de campanha a entrar em funcionamento em São Paulo, epicentro da doença no País. A construção da infraestrutura de 6.300m² levou 12 dias, tendo sido entregue em 1º de abril, quando a Organização Social de Saúde Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein assumiu a unidade e instalação da estrutura e dos equipamentos hospitalares e fez a higienização e o treinamento dos funcionários.

Idealizado para atender apenas pacientes de baixa e média complexidade, transferidos de outros equipamentos de saúde da capital, o hospital temporário possui 200 leitos, com oxigênio disponível para todos, além de salas de estabilização e de acolhimento dos familiares, tendo estrutura para realizar diagnóstico por imagem e exames de sangue e urina. “O Pacaembu é um local onde muita gente foi chorar, de tristeza ou alegria, para o seu time de futebol. É icônico para São Paulo, um cartão-postal. E agora se reveste de mais importância, atendendo a população”, definiu o prefeito de São Paulo, Bruno Covas.

O “jogo” contra a virose é o mais importante de uma história de glórias do octogenário Pacaembu, um estádio que nasceu e construiu a sua trajetória como um dos símbolos da cidade. A arquitetura, com traços de art déco, o que incluía em seu projeto original a concha acústica, posteriormente substituída pelo tobogã, é ainda considerada uma das mais belas dos estádios brasileiros, mesmo com a construção e inauguração de vários outros nos últimos anos. “É o estádio onde você está mais próximo do campo. Perto o bastante para ver o jogo e longe o suficiente para observar o campo todo”, define o jornalista José Maria de Aquino.

Além de ter sido o ano em que o estádio se transformou em hospital de campanha, 2020 está marcado na história do Pacaembu pelo local ter passado para as mãos da iniciativa privada. A Allegra Pacaembu assumiu a gestão pelos próximos 35 anos. Neste primeiro, foram realizados três jogos: a decisão da Copa São Paulo, uma partida do Palmeiras e um clássico entre o clube alviverde e o Santos.

A administradora assumiu estádio, a piscina, as quadras de tênis, o estacionamento e o ginásio poliesportivo. O Museu do Futebol, que funciona embaixo das arquibancadas, e a Praça Charles Miller seguem sob gestão do município. E a reforma do complexo, que inclui a demolição do tobogã, deverá começar em 2021.

Nesse contexto, a utilização do estádio como hospital de campanha parece ter vindo para confirmar o conceito de patrimônio da população logo no momento em que foi repassado para a iniciativa privada. “Nunca imaginamos que viveríamos um momento como esse, como cidadão ou empresário”, reconhece Eduardo Barella, presidente da concessionária Allegra Pacaembu.

Ele aponta, porém, para o peso histórico do momento em que assumiu a gestão do estádio. “É mais um capítulo bonito, que vai ficar marcado na história. Vai passar e o Pacaembu continuará a contar a história da cidade, sendo onde todo mundo tem uma história e uma relação afetiva. Isso vai torná-lo ainda mais bonito, como uma marca”, avalia.

A opinião é compartilhada por Muricy Ramalho, que trabalhou no estádio como jogador e técnico, também tendo frequentado as arquibancadas como torcedor. “É o estádio de todo mundo. É engraçado que todas as torcidas e times gostam de jogar lá. Ele representa a cidade de São Paulo. Eu adorava”, afirma. “Para a história do Pacaembu ficar completa, só faltava essa parte social, ajudando a salvar vidas”, concluiu.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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