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Racismo da torcida do Grêmio: o que há de diferente nos casos Aranha e Yony González

Yony González

O Grêmio foi condenado pela 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a pagar R$ 30 mil por conta de injúrias raciais contra Yony González, jogador do Fluminense. O caso aconteceu no dia 5 de maio, pela 3ª rodada do Brasileirão.

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O caso ganhou repercussão no dia seguinte ao confronto, quando a TV Flu divulgou imagens em que é possível ouvir a palavra “macaco” sendo proferida por uma voz feminina contra o atacante colombiano, Yony González, no momento em que ele comemorava seu gol.

A 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu por maioria dos votos, 4 x 1, condenar o Grêmio por infração ao Art. 243-G§2ª do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): “Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

Segundo o CBJD, “A pena de multa prevista neste artigo poderá ser aplicada à entidade de prática desportiva cuja torcida praticar os atos discriminatórios nele tipificados, e os torcedores identificados ficarão proibidos de ingressar na respectiva praça esportiva pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias”.

O presidente da Comissão, Rodrigo Raposo, foi o único a absolver o Grêmio, por considerar que não havia provas suficientes para comprovar a injúria racial. O relator do caso,  Flávio Boson Gambogi, e os auditores Otacílio Neto, Eduardo Affonso Mello e Maurício Neves votaram pela punição.

Segunda punição por racismo contra o Grêmio

O Grêmio enfrenta cerca de cinco anos depois um problema na Justiça por conta de atos de sua torcida. No ano de 2014, o clube gaúcho foi eliminado da Copa do Brasil, após parte da torcida Tricolor ofender com gritos de “macaco” o goleiro Aranha, até então no Santos. A decisão foi unânime: cinco votos.

“Não foram apenas quatro ou cinco pessoas que fizeram aquilo contra o Aranha. E foram atos repugnantes. Esta erva daninha está crescendo e começando a se espalhar pelo Brasil e tem que ser cortada pela raiz. Aquilo afetou a dignidade do atleta. Foi bem diferente de uma cera. Fatos extremamente graves”, disse o relator Francisco de Assis Pessanha Filho, ao proferir seu voto, à época.

Presidente do clube em 2014, Fábio Koff, previu o que voltaria a acontecer cinco anos depois, em entrevista pós-condenação.

“Se esta condenação servir para acabar com o racismo no Brasil, será fantástico. Mas não creio que isso vá ocorrer. A punição foi exagerada […] O Grêmio é o clube que mais se preocupa em fazer campanhas contra o racismo”, disse à época.

O que há de diferente entre os casos?

O principal ponto para as diferentes punições está na quantidade de torcedores que cometeram o ato racista. No caso do goleiro Aranha, foi possível identificar um grupo considerável de torcedores o ofendendo, inclusive com imagens claras da televisão, que flagraram rosto e momento exato dos xingamentos. Já no evento de Yony González, a(s) pessoa(s) não foi(foram) identificada(s), e existe apenas um áudio em que é possível ouvir o grito no meio de ruídos.

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