Gravações do caso Robinho revelam que mulher estuprada ‘estava bêbada e fora de si’

Confira os trechos das gravações obtidas pela Justiça italiana

  • Por Jovem Pan
  • 16/10/2020 12h09 - Atualizado em 16/10/2020 12h13
  • BlueSky
Facebook/Reprodução Facebook/Reprodução Robinho foi condenado, em primeira instância, por ter praticado estupro coletiva contra uma mulher albanesa

A Justiça italiana condenou, em primeira instância, o atacante Robinho, atualmente no Santos, por participar de um estupro coletivo contra uma mulher albanesa de 23 anos depois de interceptar gravações telefônicas do jogador com outros cinco amigos, que teriam participado do crime. Conforme revelado pelo Globoesporte.com, nesta sexta-feira, 16, a sentença mostra que o atleta e seus companheiros tinham ciência de que ela estava completamente alcoolizada no momento do incidente, que aconteceu em uma boate de Milão, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. A decisão do Tribunal de Milão, entretanto, ainda não é definitiva. As defesas de Robinho e de Ricardo Falco, outro brasileiro acusado de ter pratico o estupro, estão contestando o julgamento – A Corte de Apelo de Milão vai iniciar a análise do processo, em segunda instância, no dia 10 de dezembro deste ano. De acordo com Jacopo Gnocchi, advogado da vítima, os outros quatro parceiros do ex-jogador da seleção brasileira estão respondendo um processo à parte, já que eles deixaram a Itália durante a investigação.

Autorizada pela Justiça italiana, diversas gravações de ligações telefônicas entre os acusados foram interceptadas. Em uma delas, Falco diz a Robinho que a mulher “não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé e que estava realmente fora de si”. O atacante, então, concordou e afirmou que “O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que gozou dentro dela”, revela uma das escutas que começaram a ser feitas em 2014. No mesmo ano, o atacante foi interrogado pela Justiça e afirmou que havia feito sexo oral consensual com a vítima.

Ainda de acordo com as transcrições, Robinho foi alertado pelo músico Jairo Chagas, que tocou na boate naquela noite, de que seria investigado por ter cometido o crime. O jogador, então, respondeu: “Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu. Olha, os caras estão na merda… Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (NOME DE AMIGO 2), e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu… Lembro que os caras que pegaram ela foram (NOME DE AMIGO 1) e (NOME DE AMIGO 2)…. Eram cinco em cima dela”, respondeu. Em outra conversa entre Robinho e Jairo, obtida pela Justiça, ainda em janeiro de 2014, no entanto, o músico afirma que viu o atleta “com o pênis dentro da boca da vítima”. O atacante, então, teria dito que “isso não significa transar”.

Conforme a sentença, em uma das conversas monitoradas dentro do carro de Robinho, o atleta e seu Ricardo Falco combinaram as respostas que dariam à Justiça. Falco comentou que a “nossa salvação” era que não tinha nenhuma câmera na boate que flagrasse eles com a jovem de 23 anos.

As autoridades também conseguiram um diálogo entre Robinho e um outro companheiro, que revela ter tido “dor de barriga de nervoso” por causa das investigações. O jogador revelado pelo Santos, em seguida, respondeu “Telefonei a (NOME DE AMIGO 3), e ele me perguntou se alguém tinha gozado dentro da mulher e se ela engravidou. Eu disse que não sabia, porque me recordo que eu e você não transamos com ela porque o seu pênis não subia, era mole… O problema é que a moça disse que (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2) e (NOME DE AMIGO 3) a pegaram com força”. Em outra conversa, Robinho diz que “não havia prova de que fizemos alguma coisa”.

Em depoimento, a mulher albanesa declarou que não estava em condições de se defender, já que havia bebido muito na noite, em comemoração de seu aniversário.”Acredito que no início estivesse fazendo sexo oral em [NOME DO AMIGO 3], e Robinho aproveitava de mim de outro modo, e depois eles trocaram de papel, dali não me recordo mais nada porque me encontrei rodeada pelos rapazes, não sabia o que acontecia”, disse ela à Justiça, frisando que não conseguia sequer “ficar em pé” e revelando que o atacante ainda havia dado um preservativo a um amigo.

DEFESA DE ROBINHO

Na última quarta-feira, 14, a advogada brasileira de Robinho, Marisa Ajila, assegurou que o atacante é inocente no caso. Em entrevista exclusiva  ao Esporte em Discussão, do Grupo Jovem Pan, a representante do jogador afirmou que não havia provas do crime, sendo a palavra da mulher contra a  do atleta. “Ele é inocente e, consequentemente, não há provas. Em primeiro lugar, tenho a convicção de que ele é inocente. Não estaria representando ele se ele não fosse inocente, até porque é uma causa que comprometeria a minha própria carreira. É um crime hediondo e execrável. Eu sou uma mulher, que milita no futebol há vinte anos, num ambiente dominado pelos homens. Então, quero deixar isso bem claro”, declarou.

Ajila ainda pediu calma às pessoas que criticaram o Santos por repatriar o jogador após a condenação em primeira instância. “As  pessoas estão sendo guiadas por informações incorretas. Pra mim, é um crime que pode ser igualado, penalmente, ao homicídio. Para mulher, é algo que nunca vai sair da cabeça. Mas, antes de condenar alguém, você tem que ter a cautela e esperar que os órgão capacitados para isso façam o julgamento até que não haja possibilidade de defesa. E, mesmo assim, em alguns casos a Justiça falha, como já vimos alguns exemplos”, disse.

Assista a entrevista a partir dos 55 minutos

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.