Há 10 anos, ele substituiu Weverton por pegar mais pênaltis. Hoje, está sem divisão

  • Por Jovem Pan
  • 22/08/2016 18h41

Hoje no São Caetano Divulgação Hoje no São Caetano

Herói do primeiro ouro olímpico da história do futebol brasileiroWeverton só foi escolhido para substituir o lesionado Fernando Prass às vésperas da Rio-2016 por contar com dois atributos admirados por Rogério Micale: a qualidade para jogar com os pés e a facilidade em pegar pênaltis – característica que foi comprovada no último domingo, na final contra a Alemanha.  

O que poucos sabem, no entanto, é que nem sempre foi assim. 

Em 2006, quando defendia a meta do Corinthians na Copa São Paulo de Futebol Junior, Weverton chegou a ser substituído a cinco minutos do fim de um jogo por não pegar pênaltis tão bem quanto o reserva. Tudo aconteceu na partida contra o Fortaleza, pela segunda fase da Copinha.

O duelo estava empatado por 1 a 1, quando o ex-técnico do Corinthians Sub-20Jorge Saran, não hesitou em sacar o futuro campeão olímpico para mandar a campo o desconhecido Célio Gabriel. Tudo porque, nos treinamentos, o reserva desempenhava melhor do que Weverton em cobranças de penalidade. 

suplente pegou um pênalti na decisão na marca da cal, é verdade, mas os corintianos erraram duas cobranças. Conclusão? Foram eliminados da principal competição de base do Brasil sem sequer flertar com o título.

Nos últimos dias, Weverton alcançou ao auge da carreira ao defender uma penalidade na final olímpica e ser convocado por Tite para defender a Seleção principal. Célio, por sua vez, vive situação quase oposta à do ex-companheiro de equipe: depois de rodar por dez clubes e não se firmar, atua por um time que, hoje, sequer tem divisão no futebol brasileiro. 

Célio foi contratado pelo São Caetano no fim de julho, poucos dias antes de Weverton ser escolhido para substituir Fernando Prass na Seleção olímpica. Se, na última década, o Azulão assombrou o Brasil e foi vice-campeão nacional e continental, hoje está afundado em uma crise sem precedentes, na Série A2 do Campeonato Paulista e sem divisão no Campeonato Brasileiro.

O único torneio que o time do ABC disputa no segundo semestre é a fraca Copa Paulista, que dá ao campeão a opção de jogar a Série D ou a Copa do Brasil do ano que vem. A realidade de Célio Gabriel, definitivamente, é dura. Nem parece que, há exatamente uma década, ele substituía o promissor Weverton para tentar salvar o maior vencedor da Copinha de uma precoce eliminação nos pênaltis, ainda na segunda fase do torneio.

 

Eu sempre procurei trabalhar esse tipo de defesa, de penalidade máxima. É algo que traz um diferencial para o goleiroWeverton já era um bom pegador de pênaltis, mas, naquela época, eu conseguia me destacar mais do que ele, porque estudava e treinava bastante“, disse Célio Gabriel, em entrevista exclusiva a Flávio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan 

“Eu carregava e ainda carrego comigo esse diferencial de ser um bom pegador de pênaltis”, acrescentou o goleiro, que passou por dez clubes depois de deixar a base do Corinthians, em 2008. Como, na época, Júlio César, Jean, Sílvio Luiz e Johnny Herrera brigavam pela titularidade no time de cima, Célio e Weverton optaram por sair do clube para buscar espaço em outras agremiações.  

O segundo jogou por Remo, Oeste, América-RN, Botafogo-SP e Portuguesa antes de se firmar no Atlético-PR e chegar à Seleção Brasileira. Já o primeiro rodou por Red Bull Brasil, Rio Branco-PR, Sinop, Serra, Ferroviário, Batatais, Linense, Rio Branco-ES e Bangu até ser contratado pelo São Caetano no meio do ano.  

Célio foi bem no time de Lins, em 2011, quando disputou 16 partidas no Campeonato Paulista e acumulou mais de 180 minutos sem levar gols, e também agradou na equipe carioca, no primeiro semestre de 2016, quando chegou a ser considerado o melhor goleiro do Campeonato Carioca entre os clubes pequenos. Bom? Sim. Mas ainda distante do atual estágio do ex-companheiro de Corinthians. 

Hoje, Weverton é feliz no Atlético-PR, e eu, no São Caetano. Fico muito contente por ele ter sido campeão olímpico“, garantiu Célio Gabriel, satisfeito por brigar pela titularidade do São Caetano e orgulhoso do amigo que conquistou o único título que faltava ao futebol brasileiro. Atualmente, a gente está um pouco mais distante, só tem contato via redes sociais. Mas eu sempre estou na torcida por ele. Fiquei muito feliz pela atuação dele na Seleção Olímpica. O Weverton é merecedor de tudo isto que tem acontecido”, encerrou.

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