Lenda nas pistas, Coe encara desafio de afastar sombra do doping do atletismo
Pequim, 19 ago (EFE).- O novo presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e duas vezes campeão olímpico, o britânico Sebastian Coe é uma lenda do esporte, que agora encara um dos maiores desafios da carreira: limpar a imagem do atletismo.
O medalhista de ouro nas provas dos 1.500 metros dos Jogos de Moscou, em 1980, e Los Angeles, em 1984, sucederá o senegalês Lamine Diack a partir de 31 de agosto, após o encerramento do Campeonato Mundial de Atletismo, em Pequim, na China.
Hoje, durante a realização do 50º Congresso da IAAF, Coe superou o ucraniano Sergey Bubka, por 115 votos contra 92. O pleito colocou frente a frente dois candidatos com perfis semelhantes, com direito a recordes mundiais na carreira de atleta e trajetária como dirigente após a aposentadoria.
O britânico venceu graças a capacidade de trabalhar a imagem, mas principalmente, pelo trabalho realizado como principal liderança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
“Estou profundamente honrado por nosso esporte ter depositado confiança em mim”, disse o ex-corredor, após a divulgação do resultado das eleições.
Coe assume agora o desafio de recuperar a imagem do atletismo, depois de denúncia feita em documentário pela emissora de televisão alemã “ARD” e o jornal britânico “Sunday Times”, que apontava para um suposto esquema dentro da IAAF para encobrir casos de doping.
“Não há um trabalho que eu queira mais, nem com o qual tenha um compromisso maior”, disse Coe.
Atualmente, o britânico ocupava os cargos de vice-presidente da Federação Internacional de Atletismo, era presidente da Associação Olímpica Britânica, e embaixador para o Legado Olímpico e Paralímpico de Londres 2012.
Com esta bagagem, o dirigente propõe profundas mudanças na entidade, inclusive sugerindo aumento para US$ 200 mil (R$ 696,8 mil), o valor que o Comitê Olímpico Internacional repassa para cada uma das 214 federações nacionais de atletismo, para um período de 4 anos, dobrando o montante atual.
Além disso, Coe também quer estabelecer um novo calendário para as competições internacionais, deixando-o “mais harmonizado”, para isso, quer melhorar a comunicação entre a IAAF e as federações de cada país.
Sobre o caso de doping, as promessas eleitorais do ex-corredor apontam para a necessidade da criação de uma agência antidoping independente e de um departamento ético da federação internacional.
Antes de qualquer coisa, no entanto, o novo presidente busca defender a imagem do atletismo, diante das notícias veiculadas na imprensa internacional.
“O contra-ataque deve começar agora. Esta é uma declaração de guerra, pois não há nada que justifique este ataque contra o atletismo”, disse Coe no início deste mês, em entrevista à “BBC Radio Four”. EFE
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