“Mini-Palmeiras” inova e faz até aula de mandarim antes de jogar na China

  • Por Jovem Pan
  • 27/09/2016 16h45

Atual vice-campeão europeu Divulgação Atual vice-campeão europeu

O verde, branco e vermelho da bandeira italiana deram lugar, ao menos momentaneamente, ao vermelho e amarelo da China em um dos principais times de base do Palmeiras. Atual vice-campeão mundial, o Palmeiras sub-17 vai explorar o ascendente mercado chinês a partir da semana que vem. A equipe viaja ao país asiático na próxima quinta-feira para realizar amistosos com outros times de novatos. O planejamento, no entanto, já começou há algum tempo. 

Em projeto inédito no futebol brasileiro, o Palmeiras realizou parceria com o Instituto Confúcio na Unesp e a Universidade de Hubai, na China, para preparar os jovens atletas à excursão ao outro lado do planeta. Há algumas semanas, jogadores e comissão técnica têm tido aulas de mandarim e cultura chinesa para não fazer feio na Ásia. O objetivo da viagem, afinal, não é meramente esportivo. A intenção é que os funcionários do Palmeiras se aproximem dos costumes, crenças, idioma e cultura da China 

“Nós estamos realizando agora um curso para os jovens atletas e os membros da comissão técnica do Palmeiras que vão viajar. É um curso rápido, sobre cultura chinesa e informações básicas sobre a língua. Quando chegarem à China, além das atividades esportivas, eles terão cursos sobre cultura e língua chinesa no próprio país. É uma boa oportunidade para eles conhecerem uma nova cultura, e para o Brasil mostrar o seu futebol para a China“, explicou o diretor do Instituto Confúcio na Unesp, Luis Paulino, em entrevista exclusiva a Zeca Cardoso, da Rádio Jovem Pan.

A ideia da excursão de um time de base do Brasil para a China partiu da Universidade de Hubai. Ela estabeleceu contato com Instituto Confúcio na Unesp e perguntou se havia a possibilidade de uma equipe brasileira fazer intercâmbio com times amadores de universidades chinesas. A resposta foi: “sim, o Palmeiras”.  

Mas se engana quem pensa que o nome do clube alviverde surgiu do nada. Sugerimos por causa de conversas que já tínhamos tido com o clube antesO Palmeiras já tinha nos procurado para traduzir o site e as informações do clube para a língua chinesa. Então, quando essa solicitação nos foi feita, entendemos que seria uma boa oportunidade para levar essa parceria adiante“, revelou Luis Paulino. 

A iniciativa tem encantado o Palmeiras sub-17. De acordo com o técnico do time, Arthur Itiro, as aulas de mandarim e cultura chinesa tornaram o ambiente do elenco ainda mais leve. Uma das apresentações foi feita no centro de treinamento do clube, e a ideia é de que os jogadores desembarquem na China sabendo falar, além de “oi” e “eu sou brasileiro”, palavras básicas do futebol em chinês, como “bola”, “gol”, “escanteio” e outros termos específicos. 

“É uma experiência nova. Nós já viajamos com este mesmo grupo para o Japão, mas não tivemos o mesmo nível de preparação. Está sendo bem interessante. Comissão técnica e jogadores fazem as aulas juntos. Eu, mesmo, não tinha o costume de acompanhar nada da China. Para mim, é novo. E os meninos levam tudo com muito bom humor. Algumas palavras têm entonação diferente, então a aula fica bem dinâmica e divertida“, afirmou Itiro. 

Com a viagem marcada para a próxima quinta-feira, o time sub-17 do Palmeiras ficará na China por duas semanas. O que o clube alviverde pretende, porém, é disseminar a sua marca e deixar as portas abertas para futuras negociações com o país – potência olímpica e, inegavelmente, um dos que mais têm evoluído futebolisticamente em todo o planeta.  

“A China está investindo muito pesado no futebol. É um mercado emergente, e a gente comenta isso com os meninos. Não são todos que vão ter a oportunidade de chegar ao time profissional do Palmeiras. Então, a China pode ser uma opção para eles, e também para o Palmeiras fazer negócio, comentou o técnico do time alviverde sub-17. 

Apenas para a última temporada. os clubes chineses gastaram mais de R$ 1,3 bilhão em contratações. Os direitos de transmissão da primeira divisão chinesa para os próximos cinco anos, por sua vez, superam os R$ 3,2 bilhões. A China, portanto, é um mercado que pode render muito para os clubes brasileiros – e não só na venda de atletas. 

A proposta do Palmeiras, em toda viagem internacional, é representar o Brasil e a marca Palmeiras da melhor maneira possível, jogando bem e conquistando bom resultados. Lá na China, não será diferente”, garantiu Itiro, antes de ser sua tese corroborada por Luis Paulino. “Hoje, o futebol é o esporte mais popular da China. E isso se reflete no grande investimento que tem sido feito pelo governo. As pessoas brincam que o presidente Xi Jinping tem três sonhos: que a China participe de uma Copa do Mundo; que a China sedie uma Copa do Mundoque a China ganhe uma Copa do Mundo. Pela determinação deles, eu não duvidaria disso“, finalizou.

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