21 anos, volta por cima e top 60: conheça Bia Haddad, a tenista número 1 do Brasil
Ascensão e superação. Não existem palavras melhores para definir a temporada de Beatriz Haddad Maia, a Bia Haddad. A tenista de 21 anos subiu mais de 100 posições no ranking e entrou no Top 60 do mundo ao assumir o 58º lugar, após ter disputado a sua primeira final no Circuito da WTA, em Seul, neste domingo (25).
E o feito chega a ser surpreendente pelo início de ano nada animador da brasileira. Em dezembro passado, Bia Haddad sofreu um acidente doméstico e fraturou três vértebras, o que a obrigou a fazer repouso absoluto no primeiro mês de 2017. Sua volta as quadras aconteceu somente em fevereiro, quando participou de um torneio na Austrália.
Mostrando muita garra e determinação, a tenista conseguiu superar as adversidades e foi longe em poucos meses. Tão longe que em maio participou de Roland Garros, na França, e no mês seguinte se tornou a primeira brasileira a vencer em Wimbledon, na Inglaterra, desde Gisele Miró em 1989. Conheça a trajetória da tenista número 1 do Brasil:
O início
Hoje com 21 anos e 1,85 metros, a canhota Bia Haddad sempre se destacou no esporte. Nascida em São Paulo, começou a jogar tênis aos seis anos de idade em um clube da capital paulista. Aos 14, devido a força e altura, passou a frequentar o circuito nacional juvenil onde enfrentava adversárias quatro, cinco anos mais velhas.
A superioridade física da jovem tenista era refletida em vitórias e títulos. Tantas conquistas que a levaram para longe da família e de São Paulo. Bia Haddad foi para a cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, treinar na academia de Larri Passos, ex-técnico do maior tenista do Brasil, Gustavo Kuerten, o Guga.
A profissionalização
Com Larri Passos, a paulistana aprimorou sua técnica e de promessa se tornou realidade no tênis. Aos 16 anos, foi convidada a participar de torneios oficiais da WTA. Sua estreia aconteceu em Florianópolis diante da chinesa Hsu Chieh Yu e Bia Haddad venceu. Foi a primeira vitória de muitas ao longo da temporada, que a levou da 634ª posição do ranking para o top 300.
A queda e a cirurgia
Ainda em 2013, quando vivia boa fase, a paulistana encontrou o primeiro obstáculo na carreira. Disputando um torneio na cidade de Campinas, Bia Haddad sofreu um grave tombo e acabou lesionando o ombro. Ficou três meses parada. Voltou em um torneio nos Estados Unidos, mas sofreu nova lesão, dessa vez na coluna, mais grave. Teve que ficar afastada até o fim do ano.
Durante a recuperação, a tenista tinha dificuldades para se movimentar e não pode tratar as hérnias na coluna que vinham lhe acompanhando nos últimos meses. Quando voltou a treinar e competir, as hérnias atacaram e Bia Haddad passou pelo pior momento da carreira. A dor era tanta que teve que ser submetida a um processo cirúrgico.
A volta por cima
Em 2015, de volta à ativa, Bia Haddad voltou a chamar a atenção. Com uma técnica cada vez mais apurada, além da força física já conhecida, a brasileira passou a ser agenciada pela IMG, uma das principais agências esportivas do mundo. Com apoio e uma melhor estrutura, a paulistana conseguiu decolar e passou a encarar desafios maiores na carreira.
A tenista começou a disputar torneios mais importantes e a enfrentar as principais jogadoras do mundo, como a romena Simona Halep, atual número 2 do ranking da WTA. Em 2016, participou dos qualifying de Roland Garros e Wimbledon, além de conquistar dois títulos nos Estados Unidos, em Scottsdale e Waco.
O futuro
A boa fase de Bia Haddad, iniciada em 2015, vem se mantendo e, para o bem do tênis brasileiro e alegria dos torcedores, parece estar longe do fim. Em 2017, além das boas participações em Roland Garros e Wimbledon, a paulistana já venceu o torneio de Claire, na Austrália, e o Cagnes-sur-Mer, na França, que a colocaram no top 100.
Com o vice em Seul, no domingo, Bia Haddad assumiu o 58º lugar. Desde quando o ranking foi introduzido entre as mulheres, em 1975, apenas quatro brasileiras conseguiram alcançar marca melhor que a de Bia Haddad: Maria Esther Bueno, 29ª em 1976, Niege Dias, 31ª em 1988, Teliana Pereira, 43ª em 2015 e Patrícia Medrado, 48ª em 1988.
Com enorme potencial, a paulistana dá sinais de que pode superar os feitos das compatriotas e escrever seu nome na história do tênis brasileiro e mundial. O próximo desafio é o qualifying de Pequim, na China, neste próximo fim de semana. Ela ainda joga em Tianjin, também na China, e fecha o ano em Luxemburgo, no continente europeu.
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