Repreendida por gritar ‘fora, Bolsonaro’, jogadora desabafa: ‘Temos o direito de nos manifestar’

“Espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão e que saibam da importância da sua voz”, disparou Carol Solberg, nas redes sociais

  • Por Jovem Pan
  • 23/09/2020 11h35 - Atualizado em 23/09/2020 11h46
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Reprodução Carol Solberg gritou "Fora, Bolsonaro" em entrevista ao vivo ao SporTV

Pivô de polêmica no fim de semana, Carol Solberg se manifestou na última terça-feira, 23, nas redes sociais. A jogadora de vôlei de praia disse viver “numa democracia” e ter “o direito de se manifestar”, dois dias após gritar “Fora, Bolsonaro” em entrevista ao vivo no canal SporTV, ao fim da cerimônia de premiação da primeira etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, em Saquarema (RJ). A atitude causou polêmica nas redes sociais e também no mundo do vôlei. Ainda no domingo, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu nota condenando a declaração de Carol. O mesmo fez a Comissão Nacional de Atletas do Vôlei de Praia. Já atletas como a central Fabiana, bicampeã olímpica, defendeu o direito de Carol se manifestar politicamente.

“Vivemos em uma democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com esse governo. Não sou de nenhum partido, não sou ativista, sou uma atleta. É o que gosto de ser. Eu amo meu esporte, represento meu País em campeonatos mundiais desde meus 16 anos e espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão e que saibam da importância da sua voz”, disse Carol, em seu perfil no Instagram.

 

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Gostaria de poder responder a cada um de vocês, mas é impossível dar conta de tantas mensagens. Só quero agradecer demais e dizer que me senti abraçada por todo esse amor. O meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano emergencial do governo. Pela Amazônia que registra recordes de focos de incêndios. Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso de autoridades e falta de respeito à ciência. Por ver um governo com desprezo total pela educação e cultura. Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que “o racismo é algo raro no Brasil”. São muito absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós. Vivemos em uma democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com esse governo. Não sou de nenhum partido, não sou ativista, sou uma atleta. É o que gosto de ser. Eu amo meu esporte, represento meu país em campeonatos mundiais desde meus 16 anos e espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão e que saibam da importância da sua voz. Saber que todas as pessoas que eu admiro e que são importantes pra mim estão do meu lado, me faz ter certeza de que estou do lado certo da história. Tamo junto!

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As declarações da atleta foram uma resposta à nota emitida pela CBV. “O ato praticado pela atleta Carol Solberg durante a entrevista ocorrida ao fim da disputa de 3º e 4º lugar da primeira etapa do Circuito Brasileiro Open de Volei de Praia – Temporada 2020/2021, em nada condiz com a atitude ética que os atletas devem sempre zelar. Aproveitamos ainda para demonstrar toda nossa tristeza e insatisfação, tendo em vista que essa primeira etapa do CBVP OPEN 2020/2021, considerada um marco no retorno das competições dos esportes olímpicos, por tamanha importância, não poderia ser manchada por um ato totalmente impensado praticado pela referida atleta”, registrou a entidade

No mesmo post, Carol Solberg fez críticas à gestão Jair Bolsonaro. “O meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano emergencial do governo. Pela Amazônia, que registra recordes de focos de incêndios. Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso de autoridades e falta de respeito à ciência”, disse a jogadora de vôlei de praia. Ela prosseguiu: “Por ver um governo com desprezo total pela educação e cultura. Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que ‘o racismo é algo raro no Brasil’. São muitos absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós”.

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