Bolsonaro precisa saber que poder não é questão de popularidade, mas de exercício de soberania

Agronegócio planeja megamanifestações em Brasília para exigir liberdade, combate à corrupção e aprovação das reformas tributária e administrativa

  • Por Jorge Serrão
  • 03/05/2021 12h56
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LUIDGI CARVALHO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Manifestação de apoiadores de Jair Bolsonaro em Belo Horizonte, MG Apoiadores de Jair Bolsonaro saíram às ruas no dia 1º de maio para defender o presidente

A tal “oposição” ficou bestificada, perplexa e preocupada porque as manifestações populares a favor do governo Jair Bolsonaro, em defesa da liberdade, do voto impresso auditável e cobrando providências contra a corrupção, foram maiores e mais expressivas que o gigantesco movimento popular pelo impeachment de Dilma Rousseff. O povo em massa nas ruas acendeu o alerta de que Bolsonaro segue favorito à reeleição, apesar das pancadas sistemáticas que toma da mídia e dos inimigos políticos que se proclamam “de esquerda”. Bolsonaro só não pode se empolgar e tem de lembrar que “poder não é questão de popularidade”. Poder é exercício de soberania. Líder que se baseia nisso está fadado à própria ruína. Tradicionalmente ocupado por manifestações esquerdistas, com bandeiras e camisas vermelhas que pregam o comunismo/socialismo, o feriado de 1º de maio de 2021 foi inédito do ponto de vista histórico. A massa que saiu à rua vestia verde-amarelo e, além de defender o mandato e o Presidente da República, deu o sinal de que a defesa da liberdade é um princípio caríssimo à maioria do povo. O recado foi dado. Assimila quem quiser. E nem a mídia extremista e venal conseguiu ignorar, por mais que tenha minimizado as manifestações em seus noticiários. O “Eu Autorizo” dado a Bolsonaro é para valer.

Com certeza, a maioria das pessoas gostaria de fazer parte de um Brasil que orgulhe quem é de bem e do bem. Por isso, a candidatura fake de Lula da Silva não tem a menor chance de prosperar. Bolsonaro pode até não se reeleger se a economia não reativar ou ele e seu grupo cometerem um erro estratégico imperdoável. Mas o volume e expressão das manifestações de ontem indicam duas coisas. Primeiro, que o PT dificilmente volta ao poder pelo voto. O establishment não quer repetir o erro. A maioria do povo brasileiro não quer o retorno da roubalheira escancarada, em nome de um suposto projeto “revolucionário”. Segundo, pode ser que nem haja espaço para o surgimento de uma candidatura de “Terceira Via” (que até agora não se viabilizou, embora a eleição de outubro/novembro de 2022 esteja, ainda, muito distante).

Setor que consegue sobreviver à crise do coronavírus porque é o mais bem estruturado e fatura alto com exportações remuneradas em dólar, o agronegócio organiza novas manifestações em favor do Presidente da República. Grandes atos devem se repetir, a partir deste mês de maio, principalmente em Brasília, nos arredores da Praça dos Três Poderes, onde ficam o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Os atos a favor da liberdade acontecem em meio ao aprofundamento da guerra de todos contra todos os poderes. O Estamento Burocrático e a chamada “Turma da Esplanada” vão vivenciar uma pressão popular inédita – com o apoio do endinheirado setor produtivo que escolheu o lado “conservador”, honesto, e não o esquerdismo que se vendeu à corrupção, inclusive com o financiamento de banqueiros que se beneficiam da “roubalheira” institucionalizada.

A conjuntura de manifestações acontece em um momento delicado e explosivo do Brasil. Medidas equivocadas tomadas no suposto combate à pandemia do vírus que veio da China geraram um pandemônio. A economia foi sabotada, com os lockdowns e outras medidas restritivas, causando prejuízos sociais inimagináveis. Além da quebradeira de empresas, drástica intervenção estatal na vida dos livre empreendedores (formais e informais), com aumento do desemprego, redução de receitas e confisco de renda, a crise sanitária exterminou mais de 400 mil pessoas, apavorou e bagunçou com o cotidiano de dezenas de milhões de brasileiros.

Juntando abusos de autoridades, falta de emprego e renda, violência descontrolada, fome, medo e insatisfação popular, o caos vigente cria as pré-condições para um perigoso ambiente de guerra civil. O radicalismo esquerdopata avalia que essa conjuntura pré-revolucionária é ideal para fomentar uma “ruptura burguesa”. A análise estratégica militar adverte que a eventual eclosão da desordem pode ameaçar a integridade nacional, abrindo espaço para secessões territoriais. A secessão institucional já aconteceu, embora militantes e militares prefiram não reconhecer publicamente.

Resumindo: O povo é ordeiro, mas já não parece tão cordeiro como em outros tempos. O excesso de injustiça, impunidade e violência embruteceu muita gente – que pode reagir contra elementos do sistema de Poder, a qualquer momento, de modo nada pacífico. A “galera” brasileira nunca esteve tão revoltada quanto agora. Manifestações como essa de 1º de maio foram momentos de “desopilação do fígado”, uma espécie de catarse psicológica do povão e da classe média (todos insatisfeitos com a situação desastrosa que se prolonga). O establishment e sua turma do Mecanismo têm todos os motivos para se preocupar, como nunca antes na História desse País. A ruptura real vai acontecer. E pode – tem tudo para – não ser pacífica. Guerra Civil (já em andamento) é igual CPI do Congresso. Todos sabem como começa, mas ninguém tem certeza de como e quando termina.

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