Eleição presidencial tem tudo para se decidir apenas no segundo turno

Vitória de Bolsonaro ou Lula depende das novas alianças confirmadas ou costuradas a partir de 2 de outubro; oposição aposta em amnésia do eleitor sobre a Era PT e no desgaste de imagem do Presidente

  • Por Jorge Serrão
  • 28/09/2022 15h04
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Montagem sobre fotos: MAX PEIXOTO/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO e ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Montagem Bolsonaro x Lula Eleição presidencial de 2022 está polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro

Brasil dividido. Sinal verde–amarelo ou vermelho? Ideológica e moralmente rachado em partes desiguais. Direita quer ficar no poder. Esquerda briga para retornar ao Palácio do Planalto. Ambiente radicalizado. Clima de “guerra”, porém (ainda) sem (extrema) violência. Eleição presidencial polarizada na disputa entre Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Dificilmente a decisão final ocorrerá no domingo, dia 2. A campanha – e a ansiedade – tendem a se arrastar para o segundo turno. Trata-se de um novo pleito. Quem chegar na frente no primeiro turno parte com vantagem (psicológica perante a opinião pública) para a batalha final pelo voto, dia 29 de outubro. Um novo desenho eleitoral é pouco provável. A renovação no Congresso Nacional é incerta, porém pouco provável. O atual equilíbrio partidário pouco deve se alterar. Em tese, se o panorama se mantiver, o beneficiado é quem detém a máquina (no caso, Bolsonaro). Mas tudo dependerá das novas alianças que serão costuradas e/ou mantidas. Beneficia-se quem conquistar ou confirmar o apoio dos que forem escolhidos senadores e deputados (federais e estaduais). O mesmo vale para os governadores eleitos e os que ficarem na pendência. Haverá uma “simbiose” (dependência de sobrevida) deles com os candidatos a Presidente. Alianças e traições definirão o jogo – que é brutíssimo.

Nada é garantido. Recomenda-se cuidado redobrado com as previsões feitas pelas “pesquisas”. Ainda mais porque a maioria delas destoou das imagens públicas de apoio aos candidatos. Bolsonaro sempre mobilizou mais gente nas ruas que o concorrente Lula. O mesmo ocorreu nas redes sociais da internet, embora a esquerda tenha obtido espaço mais relevante que na eleição de 2018 – que Bolsonaro venceu de modo surpreendente, graças à força no “mundo virtual”. O resultado final eleitoral refletirá o tamanho real do desgaste de imagem do Presidente. Inegavelmente, ele foi o mais atacado midiaticamente da História brasileira, enquanto deixou a desejar na eficiência, eficácia e efetividade da comunicação pessoal e governamental. A real aprovação ou reprovação à figura de Bolsonaro e a avaliação verdadeira de seu governo ainda são grandes incógnitas. O resultado da maioria das pesquisas joga contra Bolsonaro. A dúvida é: qual o real poder de influência dessas propagandas negativas (ops, pesquisas) sobre a maioria da opinião pública? Se o desgaste causado for relevante, Lula sai beneficiado. Aparentemente, se porventura as pesquisas estiverem corretas, uma expressiva parcela do eleitorado não se afetou com o passado recente de corrupção – que deveria ter imposto fortíssimo desgaste à imagem de Lula. Apesar disso, o petista não conquistou apoio político partidário consistente para a disputa presidencial. Isso pesará contra ou a favor? Eis a questão que será resolvida na hora do voto popular.

A “Primavera Brasileira” segue em andamento. O eleitorado se prepara para o maior e mais importante teste popular da História. Excetuando-se as pesquisas encomendadas a peso de ouro (sobretudo por bancos e empresas de comunicação opositoras do governo Bolsonaro), nada indica que a esquerda se recupere do declínio que vem experimentando há quase uma década. O que se poderia chamar de “conservadorismo” (ou direitismo) se consolidou e segue avançando no Brasil. Essa força e tendência serão confirmadas – ou não – no pleito de 2 de outubro. Por isso, o principal desafio é se a maioria do eleitorado tem capacidade de superar o regime da Cleptocracia – que ainda é hegemônico. Uma espécie de nazicomunofascismo e as variantes criminosas do Mecanismo ainda assombram o cenário. Um dos pontos mais graves e perigosos é o desequilíbrio institucional causado pelo ativismo judicial. Também chamado de “juristocracia”, o regime coloca a cúpula do Judiciário (leia-se Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral) com aparente mais poder que o Executivo e o Legislativo. Os “juristocratas” comandam o processo eleitoral. Eles fazem oposição aberta a Jair Bolsonaro – e vice-versa.

Daí o impasse: Velhinhas de Taubaté, uni-vos! Acreditar no resultado da eleição é uma obrigação. Os “donos do poder” decidiram que a regra do jogo consiste em aceitar, como um dogma, sem questionamentos, o número que será proclamado pela totalização eletrônica no computador central do Tribunal Superior Eleitoral. A única vitória garantida, previsível, de domingo é dos burocratas que nos impuseram o software que fará a contagem secreta dos votos. Dane-se o Princípio da Publicidade previsto no artigo 37 da Constituição. Ferre-se o princípio democrático e constitucional da materialidade do voto. Aliás, há 26 anos a votação acontece assim. O Congresso Nacional foi covarde, burro ou incompetente ao não aprovar o aprimoramento do sistema eleitoral, com a impressão do voto pela urna eletrônica para contagem física (100%) na seção eleitoral. Assim, de nada adiantará qualquer protesto sobre o resultado da eleição – ainda mais se for desfavorável ao Presidente Jair Bolsonaro. Quem reclama já perdeu. Só resta aguardar para saber se e como a maioria do povo aceitará – pacificamente ou não – uma eventual oficialização do que tem sido previsto pelas “pesquisas”. Ou se terão peso decisivo a sensação real de melhora na economia e a proposta de “Deus, Pátria, Família e Liberdade” de Bolsonaro.

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