Acusações pessoais e o termo “mentira” ofuscam 2º debate entre Dilma e Aécio

  • Por Agencia EFE
  • 16/10/2014 21h54

São Paulo, 16 out (EFE).- As acusações pessoais e a palavra “mentira”, que passou pela boca dos dois participantes várias vezes, esquentaram o debate desta quinta-feira entre os candidatos à presidência, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

O debate no SBT, o segundo deste segundo turno, não teve perguntas de jornalistas, e pouco acrescentou na discussão de propostas dos candidatos, voltando a se concentrar na troca de críticas e acusações entre os dois lados, que desta vez chegaram ao lado pessoal.

Em uma delas, Aécio foi questionado sobre as mortes no trânsito e a entrada em vigor da Lei Seca, tema que circulou bastante nas redes sociais e na imprensa por um episódio de 2011 no qual o senador se negou a realizar o teste do bafômetro após ser flagrado dirigindo com a carteira de habilitação vencida durante uma blitz no Rio de Janeiro.

“É uma iniciativa extraordinária”, comentou Aécio sobre a lei, ao admitir que não havia se submetido ao teste: “Tive um episódio que parei numa Lei Seca e minha carteira estava vencida e ali, naquele momento, inadvertidamente, não fiz o exame e me desculpei por isso”.

Aécio qualificou a campanha de Dilma como a “mais baixa” desde a redemocratização, e lembrou um capítulo no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mentor político da candidata à reeleição, foi vítima durante as eleições de 1989.

A aparição na campanha do então candidato Fernando Collor de Mello de uma mulher que teve uma filha fora do casamento com Lula, foi um dos elementos que provocaram a derrota do petista em 1989.

O termo “mentira” circulou várias vezes na boca da candidata à reeleição e na do senador tucano.

Dilma também citou os casos de nepotismo denunciados durante a gestão de Aécio, que, além da irmã, teria empregado primos e tios na administração.

O tucano rebateu afirmando que sua irmã Andrea trabalhou como voluntária no governo do estado sem receber salário e citou o caso de um irmão de Dilma, Igor Rousseff, que foi contratado pela prefeitura de Belo Horizonte, e disse que recebia sem trabalhar.

Sobre os escândalos de corrupção na Petrobras, Aécio insistiu na necessidade de a presidente dar uma explicação ou assumir a responsabilidade sobre o caso, e Dilma novamente afirmou que durante seu mandato todos os casos foram investigados e, quando houve responsáveis, punidos.

Em vários momentos, Aécio insistiu na necessidade de debater propostas para o “futuro” e qualificou a gestão atual de Dilma como um “cemitério de obras inacabadas”, comparando os projetos propostos em 2010 e o cronograma de realizações em seu primeiro mandato, particularmente os referentes à mobilidade urbana.

A segurança pública fez aumentar o tom de voz dos candidatos, com Dilma indicando que seu governo investiu R$ 17 bilhões no setor, enquanto Aécio propôs dar mais atenção às fronteiras.

No panorama econômico, a inflação voltou a ser o foco, como nos outros debates, com a presidente defendendo a atual política financeira que permitiu ao país sair com poucos danos da crise mundial e Aécio criticando a inflação, que está muito próxima do teto da meta.

Depois do debate, quando concedia uma entrevista ao vivo, Dilma sofreu uma queda de pressão arterial.

O próximo debate entre os dois candidatos acontece no domingo, na TV Record.

Segundo os analistas, os debates serão decisivos entre os eleitores que ainda não escolheram seu candidato e em uma campanha totalmente imprevisível. De acordo com as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha, divulgadas ontem, os dois estão tecnicamente empatados, com Aécio (51%) dois pontos percentuais à frente de Dilma (49%). EFE

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